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Auxílio prometido por Russomanno tem valor indefinido e depende de Guedes

Candidato a prefeito de São Paulo propõe programa de transferência de renda atrelado ao do governo federal — que ainda não existe

atualizado

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Rafaela Felicciano/ Metrópoles
Celso Russomanno
1 de 1 Celso Russomanno - Foto: Rafaela Felicciano/ Metrópoles

São Paulo – A principal promessa de Celso Russomanno (Republicanos) na luta por votos para ir ao segundo turno na disputa pela prefeitura paulistana é um programa de transferência de renda para complementar o Auxílio Emergencial do governo federal.

Não há, porém, garantia de continuidade do programa no ano que vem, quando começa o mandato de prefeito, e o candidato tem se negado a detalhar o plano. Não se sabe, por exemplo, de quanto será o auxílio paulistano de Russomanno.

O candidato do Republicanos atrela a proposta a uma renegociação da dívida da prefeitura com o governo federal e usa a amizade com o presidente Jair Bolsonaro como fiadora da promessa.

Esse tipo de renegociação é um trunfo popular desde os anos 1990, quando há dobradinhas políticas entre Brasília e os entes federativos, mas o processo não é simples nem rápido, sobretudo em um momento de crise fiscal.

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) usou o expediente quando administrou São Paulo, mas demorou 8 meses em 2015 para conseguir fechar um acordo com o governo federal, apesar de ter na cadeira de presidente a colega de partido Dilma Rousseff e uma situação fiscal menos calamitosa.

Na época, Haddad conseguiu negociar com o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, uma mudança no indexador da cobrança que resultou em um redução da dívida de R$ 64,8 bilhões para R$ 28 bilhões.

Em 2021, a negociação terá de ser feita com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem feito uma cruzada contra as tentativas de membros do governo de aumentar a gastança pública.

Apesar de apoiar publicamente Russomanno, o presidente Bolsonaro não fez ainda nenhuma garantia pública de apoio a essa renegociação. E o próprio governo federal não tem encontrado uma fonte de recursos para um programa que substitua ou continue o Auxílio Emergencial em 2021.

Em sua propaganda política, Russomanno chegou a citar o Renda Brasil, programa que Bolsonaro “matou” em setembro após críticas à ideia de financiamento com a ajuda do congelamento das aposentadorias.

Em sabatina promovida pela Folha de S. Paulo e pelo UOL na manhã desta sexta-feira (6/11), Russomanno disse que isso foi apenas uma “confusão de nomenclatura”.

“Mas vamos continuar usando o cadastro do governo federal. Sabemos quem precisa”, disse Russomanno, sem se comprometer com o valor. “Não vou prometer o que não sei se posso cumprir. O valor vai depender da renegociação com o governo federal”, afirmou.

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Até dezembro

O Auxílio Emergencial do governo federal, cujas parcelas finais são de R$ 300 (e R$ 600 para famílias lideradas por mulheres), está garantido até dezembro deste ano. Em São Paulo, a Câmara Municipal aprovou um complemento de R$ 100 ao valor, numa iniciativa que uniu PT e PSDB e, segundo Russomanno, foi motivada por sua promessa.

“Diziam que não tinha dinheiro e de repente teve. Eu fico feliz por ter promovido isso. E mostra que é possível”, disse Russomanno na sabatina, na qual afirmou ainda que não pretende usar recursos do caixa da prefeitura para financiar o programa.

Em 2021, se não houver prorrogação federal, o único programa de transferência de renda voltará a ser o Bolsa Família, que Bolsonaro gostaria de substituir pelo Renda Brasil se houvesse dinheiro.

Derretimento nas pesquisas

O atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), consolidou sua liderança nas pesquisas de intenções de voto, mostrou levantamento do instituto Datafolha divulgado na quinta-feira (5/11). Covas agora tem 28%, contra 16% de Russomanno, que caiu 4 pontos em relação ao último levantamento do instituto, divulgado em 22 de outubro. Covas tinha 23% e subiu 5 pontos.

Mantendo os 14% que tinha nessa rodada anterior, Guilherme Boulos (PSol) está empatado com Russomano tecnicamente. Márcio França (PSB) oscilou de 10% para 13% e está empatado com os dois.

Na sabatina desta sexta, o candidato do Republicanos reafirmou a confiança de que irá disputar o segundo turno, ao contrário do que ocorreu nas duas campanhas anteriores, quando derreteu no final.

“Não tem essa chance [de ficar fora]. Nas nossas pesquisas internas temos 20% e ele [Boulos] tem 15%”, garantiu Russomanno.

Veja a íntegra da sabatina de Russomanno para Folha e UOL:

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