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Eduardo Bolsonaro divulga carta de suicídio para criticar lockdown

Mensagem foi lida durante transmissão ao vivo na noite dessa quinta-feira (11/3) pelo presidente Jair Bolsonaro

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)
1 de 1 Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) leu, nessa quinta-feira (11/3), em live, suposta carta de um feirante baiano para criticar medidas de distanciamento social decretadas por governadores e prefeitos, em razão da pandemia do novo coronavírus.

“O efeito colateral do lockdown está sendo mais danoso que o próprio vírus”, disse Bolsonaro, após ler a suposta carta e citar o governador da Bahia, Rui Costa (PT), e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM).

“Devemos estimular, fazermos uma campanha para o idoso ficar em casa, para a pessoa que tem comorbidade ficar em casa. O resto, pessoal, toma as medidas que está [sic] sendo usada no momento, e vamos para o trampo, vamos trabalhar, pô”, completou.

“Me acusam de genocida, essas pessoas. Você tá matando cara”, prosseguiu o presidente, ao estender as críticas ao lockdown.

A íntegra do conteúdo da carta também foi compartilhada pelo filho Zero Três do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), no Twitter e no Facebook. O parlamentar ainda publicou fotos atribuídas ao feirante, inclusive dele morto.

O conteúdo foi retirado das rede sociais. No entanto, o Metrópoles usou um site que recupera páginas apagadas para comprovar a postagem. O deputado federal também atacou governadores, que, segundo ele, estão “com as mãos sujas de sangue”.

“Minhas condolências a [sic] família. A crise de 1929 nos EUA é famosa não só pelo ‘crash’ da bolsa de Nova York, mas também por ter mostrado ao mundo que dificuldades econômicas levam ao suicídio”, assinalou.

Em manual (leia aqui) destinado a profissionais da mídia e a comunicadores, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a não publicação de fotografias do falecido, tampouco cartas suicidas.

Facebook, YouTube e Twitter foram procurados, na manhã desta sexta-feira (12/3) pelo Metrópoles para se manifestarem, uma vez que as plataformas seguem armazenando a live transmitida pelo presidente Jair Bolsonaro. A transmissão tem mais de 1,7 milhão de visualizações no Facebook e 228 mil no Youtube.

Até a última atualização desta reportagem, as redes sociais ainda não prestaram esclarecimentos sobre esse assunto. O espaço segue aberto.

Apesar da postagem já ter sido retirada do ar, no caso do deputado Eduardo Bolsoaro, o Twitter e o Facebook também foram convocados a se manifestarem sobre a publicação e sobre o perfil do parlamentar. A mensagem recebeu, pelo menos, 2,1 mil curtidas e outros 2,4 mil comentários em uma das redes sociais.

O Twitter respondeu, neste caso, que a política da rede social não permite “promover nem incentivar o suicídio ou a automutilação”.

“Se os casos incluírem imagens ou vídeos relacionados a automutilação ou suicídio, nós também avaliaremos esse conteúdo segundo nossa política de mídia sensível”, diz a plataforma.

Busque ajuda

O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia, 32 pessoas cometem suicídio no Brasil. Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.

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