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Bolsonaro pede à OMC para importar fertilizantes de países sob sanção

Diretora da OMC, a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala recebeu pedido de “salvo-conduto” do presidente para comércio com Rússia e Belarus

atualizado

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Alan Santos/PR
Bolsonaro com a Diretora-Geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala
1 de 1 Bolsonaro com a Diretora-Geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala - Foto: Alan Santos/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou, nesta segunda-feira (18/4), uma espécie de “salvo-conduto” para importar fertilizantes de países afetados por sanções devido à guerra na Ucrânia. O pedido foi encaminhado para a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), a nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala, em reunião entre os líderes, no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (18/4). As informações são do Estadão.

Belarus e Rússia estão entre os principais importadores dos adubos para a agricultura brasileira. Ngozi recebeu o pedido e pretende repassá-lo para os membros da OMC para uma decisão sobre o tema.

“A questão é superar os limitantes em decorrência da guerra para que alimentos e fertilizantes tenham circulação, se não teremos mais escassez e mais fome”, destacou a nigeriana.

“Examinaremos a questão e veremos o que pode ser feito, porque precisamos que o Brasil produza. Se o Brasil não produzir, se a Ucrânia não produzir, no próximo ano teremos mais problemas com o preço dos alimentos. O papel do Brasil é muito importante”, frisou Okonjo-Iweala.

O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, também participou do encontro e engrossou o coro brasileiro em busca de uma solução. Ele destacou como o país precisa de acesso aos insumos agrícolas para possibilitar a produção e consequente exportação para diferentes nações ao redor do globo.

“O presidente reafirmou à doutora Ngozi que mesmo durante as horas mais difíceis da pandemia nosso agro manteve os compromissos internacionais e, portanto, a exportação de grãos, de aves, de carne bovina. Os contratos foram mantidos e honrados, isso tem claramente um valor”, defendeu.

Em publicação no Facebook nesta terça-feira (19/4), Bolsonaro disse ter conversado com a diretora-geral da organização sobre a manutenção do fluxo de comércio de fertilizantes e os preços cada vez maiores dois insumos.

“A política do fica em casa, que a Economia a gente vê depois, com a qual fomos contra, trouxe inflação e algum desabastecimento no mundo todo”, escreveu o presidente.

Plano nacional

Há pouco mais de um mês, o governo federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), com diretrizes para aumentar investimentos na produção e reduzir a dependência de importação do produto usado na agricultura.

O plano visa reduzir a dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados e mitigar as vulnerabilidades decorrentes da importação dos insumos. Pretende-se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes.

“Não estamos buscando a autossuficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança alimentar do Brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plantas é proporcional à grandeza de nossa agricultura. Mas teremos nossa dependência externa bastante reduzida”, disse a ministra Tereza Cristina, reforçando que o plano não é apenas para reagir a uma crise, mas para tratar de um problema estrutural, de longo prazo.

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