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“Duas pessoas foram mortas na minha casa”, diz moradora do Jacarezinho

Ela contou que, durante a ação, a mãe, de 58 anos, o pai, de 63, e o filho, de 9, ficaram abraçados no segundo andar ouvindo gritos

atualizado

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Foto: Aline Massuca/Metrópoles
Marcas de tiros na casa de menino, de 9 anos, onde dois jovens foram mortos
1 de 1 Marcas de tiros na casa de menino, de 9 anos, onde dois jovens foram mortos - Foto: Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Rio de Janeiro – “Fiquei abraçada com a minha família no segundo andar da casa, só ouvimos os tiros e os gritos. Não vou criar meu filho aqui”, contou uma moradora da comunidade do Jacarezinho, zona norte. Segundo ela, por volta das 7h, Isaac Pinheiro de Oliveira, 22 anos, o kako, e Richard Gabriel da Silva Ferreira, 23, o Pé, alcançaram, pulando lajes, o terceiro andar do imóvel onde mora com o filho, de 9 anos, e a mãe, de 58, e o pai, de 63. Mais de quatro horas depois, foram descobertos por policiais e acabaram mortos.

A ação policial no Jacarezinho, na última quinta-feira (6/5), resultou em 27 mortos acusados de envolvimento com o tráfico de drogas e mais um policial civil, é a mais letal da história do estado. “Quando eles chegaram para se esconder, descemos para a casa dos meus tios, no segundo andar. Ficamos abraçados. Estamos muito abalados e vou buscar assistência psicológica para o meu filho”, revelou. Há marcas de tiros na parede da sala da casa e até sangue em um quadro.

Outra meta da moradora é deixar a comunidade. “Não como desde de quinta-feira, não durmo em casa. Quero apagar isso da minha mente, como pede meu filho: ‘mãe, tem que ser forte. Acho que você e minha avó têm que procurar atendimento psicológico’. O meu menino virou o pilar da casa”, afirmou ela. E acrescentou: “Ainda bem que eu e meu pai ainda não tínhamos saído para trabalhar e ficamos com eles.

Ela revelou ainda que desde quinta-feira enfrenta crise de ansiedade: “Acordo chorando, apesar de a casa já estar limpa de sangue, não consigo voltar”. Ela informou ainda que a família não sofreu violência por parte dos policiais. “Um policial só pediu para revistar a casa. Ficamos com muito medo de balas perdidas porque elas não têm endereço”, disse. Ela afirmou que não viu os suspeitos armados, mas que policiais informaram que foram apreendidas duas pistola.

Veja o vídeo com os relatos da moradora:

 

No sábado (8/5), havia marcas de balas em casas e comércio da comunidade. A Defensoria Pública do estado está recebendo denúncias de moradores e analisa ações de reparação na Justiça.

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