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Deputados querem ouvir embaixador turco após reportagem do Metrópoles sobre doutrinação islâmica de indígenas

Audiência na Câmara dos Deputados detalhou tema abordado em reportagem que revelou processo de islamização de povos indígenas no Amazonas

atualizado

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Matheus Filipe Araujo/ Ascom Funai
Audiência Comissão Câmara Reportagem Thalys Alcântara - Metrópoles
1 de 1 Audiência Comissão Câmara Reportagem Thalys Alcântara - Metrópoles - Foto: Matheus Filipe Araujo/ Ascom Funai

Após a publicação da reportagem “Em nome de Alá: grupo islâmico doutrina e leva indígenas do Amazonas para a Turquia”, publicada no Metrópoles em 23 de abril, parlamentares da Câmara dos Deputados fizeram uma audiência pública, nesta quarta-feira (10/5), para discutir o tema. A matéria reforçou a investigação da Polícia Federal e, como consequência, o embaixador da Turquia no Brasil será convidado a prestar esclarecimentos.

O jornalista do Metrópoles Thalys Alcântara (foto em destaque), responsável pela reportagem, foi ouvido pelos deputados e detalhou o esquema de doutrinação islâmica de indígenas no Amazonas. A situação ocorre em São Gabriel da Cachoeira, na fronteira do Amazonas com a Colômbia, onde o repórter passou uma semana. Crianças e adolescentes indígenas são levados para Manaus, São Paulo e, quando maiores de idade, para as cidades turcas de Kütahya e Tarsus.

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“Não existem indícios de radicalismo islâmico. Conversamos várias vezes com Abdulhakim Tokdemir, responsável pelo traslado dos jovens. Não está claro se há outro interesse, além do religioso, e também não fica claro por que escolhem os indígenas”, afirmou Thalys.

Saiba mais: após reportagem do Metrópoles, Câmara faz audiência sobre grupo islâmico que doutrina indígenas

De acordo o jornalista, “as crianças indígenas tinham de fazer orações e até aprendiam a ler parte do Alcorão em árabe”. No rol das regras religiosas, Thalys descreveu que havia imposições contra os costumes indígenas, como nadar no Rio Negro. “As crianças não podiam se banhar no rio para não mostrar as partes do corpo”, descreveu.

O repórter do Metrópoles informou, durante a audiência, que há um grupo de WhatsApp com os familiares dos indígenas e que ainda há cooptação de crianças e adolescentes.

Aprofundar investigação

Lúcia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), explicou que, no CNPJ da Associação Solidária Humanitária do Amazonas (Asham), que recebe os jovens, há a descrição das atividades, como a promoção da cultura, mas não há autorização para que esses indígenas fiquem alojados na instituição.

A diretora da Funai não descartou que a idas dos jovens para o exterior pode estar relacionada a crimes, mas reiterou que é preciso investigação.

“Há, agora, uma articulação para uma visita in loco ao município de São Gabriel da Cachoeira, atendimento psicossocial da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e outras medidas que deverão ser criadas pela Presidência da República”, disse Lúcia Alberta, que também participou da audiência.

Adriana Rodrigues Martins, assessora do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, afirmou que a questão parece obscura e que o Itamaraty está disponível.

Impacto

A representante da Funai na audiência, Lúcia Alberta, enumerou uma série de medidas que foram definidas em uma ruenião no dia 25 de abril no Ministério de Direitos Humanos com uma série de órgãos e entidades. A reunião teve como tema as crianças e adolescentes de São Gabriel da Cachoeira.

Entre as medidas definidas nesta reunião estão:

  • Criação de grupo de trabalho pela Sesai de atenção psicossocial de adolescentes indígenas na região de São Gabriel da Cachoeira
  • Secretaria-Geral da Presidência da República vai elaborar um Centro de Referência de Juventude Indígena em São Gabriel da Cachoeira
  • Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos vai acionar o Ministério da Justiça, Polícia Federal e Ministério das Relações Exteriores para acompanhar a investigação e articular visita aos pais dos indígenas levados pela instituição islâmica
  • Visita in loco da Funai e MPI para ver como está o retorno das crianças e adolescentes indígenas
  • Secretaria Nacional da Criança e Adolescente vai fazer reunião de trabalho para envolver o Ministério da Esporte, Cultura, Educação, Sesai e Itamaraty para pensar políticas direcionadas para jovens em São Gabriel da Cachoeira
  • Evento de caráter formativo em 3 de julho levando instituições para São Gabriel da Cachoeira para construir política pública adequada para jovens indígenas e os pais deles

Polícia Federal

A delegada da Polícia Federal (PF) Letícia Prado da Silva Cavalcante informou que não se aprofundaria na questão durante o encontro na Câmara dos Deputados, pois o caso segue em investigação. “Cumprimos diligências sigilosas”, reforçou. Segundo ela, a PF fez uma varredura na Asham, incluindo a apuração de documentos.

O presidente da Mesa, Alfredo Gaspar (União-AL), questionou a motivação do grupo e Letícia respondeu: “O cerne da nossa investigação é apontar motivação e, quando conseguirmos, talvez apontar um crime”.

A delegada da PF informou que, desde o início das investigações, o caso foi levado ao conhecimento da Polícia Internacional (Interpol). Ela acrescentou que seis brasileiros, nem todos indígenas, ainda estão no exterior. A reportagem do Metrópoles apurou que são cinco indígenas.

O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) adiantou que fará um requerimento de convite para o embaixador da Turquia no Brasil prestar esclarecimentos sobre o caso. “Deveríamos elevar a relação com autoridades turcas no Brasil”, defendeu. O deputado General Girão (PL-RN) e Amom Mandel (Cidadania-AM) também participaram da audiência pública na Câmara.

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