metropoles.com

Defensoria pede na Justiça que CFM pague R$ 60 mi por indicação de “kit Covid”

DPU pede suspensão de parecer de 2020 que orientou sobre uso de cloroquina, e requer indenização a pacientes do tratamento precoce

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/Ministério da Defesa
cloroquina
1 de 1 cloroquina - Foto: Divulgação/Ministério da Defesa

São Paulo – A Defensoria Pública da União (DPU) ajuizou ação na Justiça Federal pedindo que o Conselho Federal de Medicina (CFM) seja condenado a pagar R$ 60 milhões em danos morais coletivos por sua responsabilidade no enfrentamento à pandemia no país.

Na ação, os defensores pedem que o conselho suspenda imediatamente a eficácia do parecer de 2020 que orienta sobre o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

Além disso, a ação pede que o CFM seja condenado a indenizar em R$ 50 mil familiares de vítimas que foram tratadas com os medicamentos e que morreram ou tiveram seu estado de saúde piorado.

A ação é assinada por dez defensores públicos federais, de diversos estados, e foi protocolada nesta sexta-feira (1/10), na 22ª Vara Cível Federal de São Paulo. Ainda não houve decisão.

Em maio do ano passado, o CFM publicou o Parecer 4/2020, no qual propõe que médicos considerem o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina no início do tratamento contra a Covid, além de destacar que a “autonomia médica” deve nortear o uso das substâncias nos pacientes. Até hoje, este parecer não foi revogado, mesmo com estudos posteriores comprovando a ineficácia das drogas contra o coronavírus.

Na petição inicial do processo, a DPU elenca estudos mostrando a ineficácia dos medicamentos do chamado “kit Covid”, bem como a posição do próprio Ministério da Saúde, que em julho afirmou que não recomenda os remédios.

“A força da orientação de uma instituição como o CFM reverbera em toda a atividade médica, com consequências para toda a população e para os serviços públicos de saúde, diante não só das prerrogativas legais conferidas ao Conselho, mas também da credibilidade gozada pela instituição, que se transfere automaticamente para suas decisões e orientações”, argumentam os defensores.

Para a Defensoria, “comprovada a ausência de eficácia do uso de cloroquina no tratamento contra a Covid-19 e, pior, sua potencialidade lesiva neste contexto, afetam-se valores que deveriam ser protegidos pelo Estado, como o da dignidade humana, ao se insistir no uso de tais medicamentos”.

O DPU diz que o Conselho Federal de Medicina tem responsabilidade civil porque manteve vigente o parecer de 2020, e assim “contribui decisivamente para o resultado catastrófico da gestão do enfrentamento da pandemia no Brasil”. Além disso, o parecer serve de “respaldo para negacionistas defensores do tratamento precoce”, e ajuda a “disseminar a errônea impressão de que havia um medicamento que preveniria a Covid ou a curaria em seus estágios iniciais”.

Ao fim, além dos danos morais coletivos de R$ 60 milhões, a Defensoria pede que o CFM seja condenado a pagar R$ 50 mil de danos morais dos familiares que tiveram parentes tratados com cloroquina e hidroxicloroquina que faleceram, ou tiveram o quadro de saúde piorado, além de R$ 10 mil para aqueles que tiveram sequelas em razão do tratamento com esses remédios.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?