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Defensor público entra com ação contra Magalu por “marketing de lacração”

Jovino Bento Júnior diz que a medida não é necessária e viola direitos de milhões de trabalhadores

atualizado

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Divulgação
Rede Magazine Luiza
1 de 1 Rede Magazine Luiza - Foto: Divulgação

O defensor público da União Jovino Bento Júnior entrou com uma ação civil pública na Justiça do Trabalho contra a Magazine Luiza por conta do que chamou de “marketing da lacração”, por um programa de trainees voltados exclusivamente para negros. 

O autor da petição alega que a iniciativa não é necessária, porque existem outras maneiras para atingir o mesmo objetivo da inclusão social. Além disso, afirma que acarretaria em uma imensa desproporção entre ônus e bônus, que seria arcado por milhões de trabalhadores.

A ação afirma que o trainee exclusivo para negros é “certamente uma estratégia de marketing empresarial”. Ainda, diz que os profissionais de publicidade, propaganda e marketing já deram um nome técnico para essa prática: “Marketing de Lacração”.

O processo cobra R$ 10 milhões de indenização por danos morais pela “violação de direitos de milhões de trabalhadores (discriminação por motivos de raça ou cor, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho)”.

Apesar disso, Bento Júnior afirma que a política de cotas deve ser incentivada como forma de reduzir vulnerabilidades.

“A política de cotas constitui-se em forte instrumento para a realização dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil de construir uma sociedade livre, justa e solidária, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”, disse, em nota.

Em entrevista ao programa Roda Viva, na noite de segunda-feira (5/10), a empresária Luiza Trajano, dona da rede Magazine Luiza, afirmou ter optado pelo programa de trainee exclusivo para pessoas negras ao descobrir que existiam poucos executivos negros em altos cargos da empresa. “Temos que entender mais o que é racismo estrutural. O dia que entendi até chorei, porque sempre achei que não era racista até entender o racismo estrutural”, contou Luiza.

Ela destacou que existe sim uma desigualdade racial desde a educação básica e que a iniciativa não se trata de “oba oba”, pois passou por um comitê antes de ser aprovada. A ideia é oferecer 20 vagas em todo o país, com orientações para que sejam recebidos currículos de pessoas sem algumas obrigatoriedades, como a necessidade de saber falar inglês, por exemplo.

Após a divulgação da rede Magazine Luiza , a Bayern também anunciou um programa de trainees exclusivo para pessoas negras.

 

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