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Crítico a Alckmin, Boulos lista exigências do PSol para apoiar Lula

Líder do PSol lança plataforma de propostas para manter a chapa lulista no campo da esquerda e admite compor com Haddad em São Paulo

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Guilherme Boulos, do Psol
1 de 1 Guilherme Boulos, do Psol - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Enquanto o PT tenta montar uma ampla aliança para as eleições deste ano, o PSol tem assumido o papel de defensor da manutenção de pautas consideradas relevantes para a militância de esquerda.

Com esse objetivo, o ex-candidato à Presidência Guilherme Boulos, liderança do partido, chega a Brasília nesta quarta-feira (16/2) para o lançamento de uma plataforma de propostas que a sigla considera fundamentais para consolidar uma aliança com os petistas – mesmo que a federação que incluiria, ainda, Rede e PSB acabe não saindo oficialmente.

Em entrevista ao Metrópoles, Boulos enumerou essas propostas, alertou para os riscos de acharem que a eleição será fácil, já que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com folga as pesquisas, previu que Jair Bolsonaro (PL) pode tentar um golpe armado em caso de derrota e falou sobre seus próprios planos políticos.

Boulos é pré-candidato do PSol ao governo paulista, mas diz que pretende buscar “até o último minuto” o consenso entre líderes da esquerda no estado antes de oficializar seu nome como cabeça de chapa – desde que esse acordo não “anule” o PSol. Líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), ele considera que o partido mudou de patamar ao chegar, com ele, ao segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo em 2020, vencendo o PT de Jilmar Tatto e o PSB de Márcio França, que também é pré-candidato neste ano ao Palácio dos Bandeirantes.

Veja a íntegra em vídeo da entrevista de Guilherme Boulos ao Metrópoles e, abaixo, um resumo dos principais pontos da conversa:

As exigências do PSol à campanha de Lula

O PSol definiu em seu congresso no ano passado o indicativo de construção de uma frente pra derrotar Bolsonaro em 2022. Semana passada, decidimos pela abertura de diálogos formais com a candidatura do Lula a partir de uma perspectiva programática. Para nós, esse é o ponto-chave. O PSol não está fazendo nenhuma barganha em troca de apoios. Queremos construir uma aliança programática.

Dentre vários pontos levantados no debate interno do partido, destacam-se três: em primeiro lugar a revogação das reformas feitas desde 2016 por [Michel] Temer e [Jair] Bolsonaro no Brasil, e do teto de gastos; em segundo lugar uma reforma tributária progressiva, com taxação de fortunas, de lucros e dividendos, que combata a desigualdade a partir da tributação; e, em terceiro lugar, uma agenda ambiental ousada, que se ligue às metas de redução de emissão de carbono estabelecidas pelo IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas], de transição energética, de modais de transporte, com desmatamento zero, respeitos aos povos indígenas e povos tradicionais.

Óbvio que vemos como sinal muito ruim a indicação do Geraldo Alckmin para vice do Lula, se ocorrer, mas o grande debate que o PSol vai propor é programático, e garantir que pautas fundamentais para o povo brasileiro estejam incorporadas à campanha dessa frente liderada pelo Lula.

Costura por uma chapa única da esquerda em São Paulo

Desde o lançamento da nossa pré-candidatura ao governo [de SP], nosso espírito foi o de construir unidade no campo progressista e na esquerda. Dialogamos com o PT, dialogamos com o próprio PSB, dialogamos com PCdoB, Rede, PDT… e seguimos dialogando. O PSol definiu minha pré-candidatura no congresso estadual do partido, eu sou pré-candidato ao governo do estado. Existem mais pré-candidaturas no campo da esquerda, como a do Haddad, pelo PT; a do Márcio França, pela centro-esquerda no PSB. Eu espero que a gente possa chegar a algum tipo de entendimento para derrotar os tucanos aqui em São Paulo. Nós vamos buscar isso até o último minuto, um entendimento do campo progressista. Agora, isso não pode se dar com a anulação dos partidos. O PSol foi ao segundo turno na capital, crescemos em várias cidades do estado e do Brasil, e isso precisa ser considerado nesse debate.

Nós estamos com 12% nas pesquisas e liderando na capital. Nossa maior dificuldade está em crescimento para o interior, então, naturalmente sou pré-candidato ao governo de São Paulo e tenho construído desde o ano passado diálogos com vários setores da sociedade, mas nunca tivemos a intransigência de não fazer o diálogo com outros partidos pela unidade. Vamos seguir buscando essa unidade.

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Riscos para Lula na campanha

Não há dúvidas de que o Lula é favorito para ganhar a eleição. É o que as pesquisas dizem, é o clima da rua e das redes sociais. Agora, não se ganha eleição de véspera, nenhuma eleição está ganha. É inevitável que, com o Auxílio Brasil chegando a 18 milhões de pessoas numa jogada eleitoreira, haverá impacto em parte do eleitorado e algum grau de crescimento ao longo do ano para o Bolsonaro nas pesquisas.

Então, trabalhar com a ideia de que a eleição está ganha é como Flamengo contra Palmeiras na final da Libertadores. Não basta ser favorito, você precisa jogar e ganhar. Acho que a campanha vai ser dura, vai ser muito conflagrada. O bolsonarismo vai querer levar isso a um nível de violência política e de rua. As fake news já têm vindo com peso muito grande. E do lado de cá, da esquerda, temos que fazer uma campanha muito mobilizada. Eu estou muito dedicado a esse processo, seja junto a movimento social, seja no PSol, a gente precisa construir comitês de base, se enraizar nas periferias e se ligar aos anseios da maioria da população brasileira.

Risco de Bolsonaro não aceitar uma possível derrota nas urnas

Sempre é um risco. Depois da tentativa fracassada de golpe em 7 de Setembro, ele tinha silenciado um pouco, mas agora voltou a falar das urnas eletrônicas. Ele percebe que a situação dele não é de favoritismo nas eleições e começa a construir narrativa de tapetão. Bolsonaro não tem compromisso nenhum com a democracia, e a sociedade tem que estar organizada e preparada contra qualquer tentativa golpista, porque isso não é teoria da conspiração.

O TSE me parece ter postura sensata em relação aos ataques feitos por Bolsonaro. Não recuou, defendeu o sistema eleitoral e se posicionou. A questão é que Bolsonaro vai seguir atacando e pode tentar mobilizar um setor da sociedade que ele fidelizou. Tivemos nos últimos anos número inédito de liberação de armas de fogo pros CACs, pessoas que frequentam grupos de tiros. Estamos falando de um exército de pessoas armadas que podem ser convocadas pelo Bolsonaro, incluindo inserções que ele possa ter nas polícias militares, para sair fazendo arruaça, para sair ameaçando, atacando.

Não é cenário de normalidade ou tranquilidade. Temos um presidente da República que a todo momento fala em golpe, que desacredita publicamente o sistema eleitoral pelo qual ele próprio foi eleito. Não consigo imaginar Bolsonaro de forma civilizada passando a faixa para um sucessor. Acho que podemos ter problemas e precisamos estar atentos como sociedade.

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