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Contas falsas propagam tuítes com hashtags a favor do voto impresso

Após live de Bolsonaro em 29/7, ao menos 3.141 postagens a favor do voto impresso foram feitas no Twitter por contas inautênticas

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Protesto movimento família patriota a favor do voto impresso brasilia
1 de 1 Protesto movimento família patriota a favor do voto impresso brasilia - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Segundo a plataforma americana Bot Sentinel, que monitora a articulação de contas falsas no Twitter, pelo menos 3.141 publicações com hashtags a favor do voto impresso foram publicadas no servidor por contas falsas desde 29 de julho.

As publicações utilizam hashtags como #votoauditavel e #votoimpresso, mensagens repetidas por apoiadores do presidente que defendem a inserção do voto impresso nas eleições de 2022. Entre todas as hashtags monitoradas, a que mais foi utilizada em mensagens foi a #brasilpelovotoauditavel. Foram contabilizados 2.612 tuítes publicados por robôs com essa frase.

O Bot Sentinel foi criado em 2018 pelo americano Christopher Bouzy, e rastreia de forma constante o uso de hashtags em postagens feitas por contas que não são reais, isto é, que aparentam serem automatizadas. Os tuítes para análise desta reportagem foram coletados e analisados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, junto à plataforma da ferramenta.

Após mais de 40 minutos de discurso, Bolsonaro realizou uma live para, segundo ele, “denunciar fraude eleitoral nas urnas eletrônicas“. O presidente, entretanto, não apresentou provas e, com ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), declarou que “não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas”.

Outras hashtags, também apontadas pela ferramenta como utilizadas por perfis falsos, eram de apoio ao presidente e a uma possível reeleição. Mensagens com #bolsonaroate2026 e #bolsonaroreeleito foram publicadas por, ao menos, 272 usuários.

Janderson Toth, pesquisador do Laboratório de Computação Social e Análise de Redes Sociais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que as razões para o uso de contas falsas na rede são variadas. Ele afirma que os responsáveis sentem-se seguros por não haver risco de sofrer uma “punição” mesmo abordando assuntos sensíveis ou ilegais.

“É a ideia de uma ‘defesa’ ou ‘ataque’ a um determinado ponto de vista. Uma impressão de que aquilo é defendido por muitas pessoas. Perfis falsos também trazem uma sensação de segurança e impunidade para quem os utiliza”, diz Toth.

O pesquisador chama a atenção para o uso automatizado de perfis. A estratégia consiste em crescer o número de postagens sobre um assunto para ganhar os chamados Trendings Topics, temas mais mencionados no Twitter.

“Utilizando ferramentas, é possível operacionalizar ações usando “gatilhos”: quando um usuário cita um determinado termo em qualquer tuíte que contenha uma palavra-chave, fazendo com que o debate seja inflado artificialmente”, explica Toth.

Contas falsas também pedem prisão de Barroso

Entre as mensagens publicadas por perfis falsos no Twitter e identificadas pelo Bot Sentinel, estão algumas que pedem, inclusive, a prisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso. Sob a hashtag #barrosonacadeia, 906 robôs publicaram mensagem nas quais pediam o afastamento e a prisão de Barroso.

Na última quarta-feira (4/8), Bolsonaro argumentou que uma resposta do próprio tribunal, em 2018, admite a vulnerabilidade do sistema porque hackers teriam acessado o código-fonte dos programas e, com isso, poderiam ter alterado o resultado. Em nota, o (TSE) rebateu os argumentos e afirmou que nada de anormal ocorreu no episódio citado pelo presidente.

Por causa das repetidas investidas contra o atual sistema eleitoral, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a inclusão de Jair Bolsonaro no inquérito que apura a divulgação de informações falsas. A decisão atendeu ao pedido aprovado por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em sessão realizada em 2 de agosto.

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