1 de 1 Colômbia - Rubens Villar Coelho - dom e phillip - prisão
- Foto: Divulgação
O suspeito de ser mandante da morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips foi solto na sexta-feira (21/10) após pagar fiança no valor R$ 15 mil. Rubens Villar Coelho, também conhecido como Colômbia, teve pedido de liberdade concedido pela Justiça Federal no dia 6 deste mês.
Obrigado a usar tornozeleira eletrônica, Rubens seguiu para prisão domiciliar e está proibido de deixar o país. Com objetivo de cumprir a determinação, a Polícia Federal confiscou o passaporte dele.
Natural do Peru, Rubens Villar Coelho é considerado um traficante internacional pela justiça brasileira. Ele é acusado de fornecer entorpecentes provenientes do Peru e da Colômbia a facções brasileiras. Em julho deste ano, ele foi preso por uso de documentos falsos e, um mês antes da prisão, já estava sendo investigado por envolvimento na morte de Dom e Bruno.
Apesar de negar seu envolvimento no crime, uma das linhas de investigação do caso aponta que Colômbia estaria incomodado com a atuação do indigenista na região da Amazônia. Bruno Pereira chegou a apreender barcos e peixes que pertenciam à quadrilha. O lucro da pesca ilegal de pirarucus e tracajás seria apenas um meio de lavar o dinheiro do narcotráfico.
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Em 5 de junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira viajavam juntos para que Dom realizasse entrevistas para o livro que escrevia sobre a preservação da Amazônia
Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
****Indigenista-Bruno-Araújo Pereira e jornalista Dom Phillips
Arquivo pessoal
****Bruno-Araújo-e-Dom-Phillips-desaparecidos no AM
Contudo, nesse percurso, os dois desapareceram. As equipes de vigilância indígena da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) fizeram as primeiras buscas, sem resultados
Divulgação
No dia seguinte, a Univaja emitiu comunicado informando, oficialmente, o sumiço dos homens. Em seguida, equipes da Marinha, Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Exército foram mobilizadas e deram início a uma operação de busca
Reprodução/Redes sociais
Em 8 de maio, a força-tarefa efetuou a prisão do primeiro suspeito pelo desaparecimento: Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado. Vestígios de sangue foram encontrados na lancha de Amarildo após perícia da Polícia Federal
Arquivo pessoal
Em 12 de junho, uma semana depois, mochilas com os pertences pessoais de Dom e Bruno foram encontradas. Não muito tempo depois, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”, irmão de Pelado, foi preso sob suspeita de envolvimento no crime
Reprodução/Redes sociais
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Mulheres realizam manifestação após morte de Bruno e Dom na Amazônia
Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
Bruno e Dom foram interceptados em rio e executados
Material cedido ao Metrópoles
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Os suspeitos, então, teriam retirado os pertences pessoais das vítimas do barco em que estavam e o afundaram. Em seguida, queimaram os corpos de Dom e Bruno
Redes sociais/reprodução
A tentativa de ocultação, porém, não teria dado certo. Jeferson e Amarildo retornaram no dia seguinte, esquartejaram os corpos e os enterraram em um buraco escavado. A distância entre o local em que os pertences foram escondidos e onde os corpos foram enterrados é de 3,1 km
Divulgação/Polícia Federal
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Depois de fazer uma reconstituição do caso junto a Amarildo, a força-tarefa anuncia ter encontrado “remanescentes humanos” que, mais tarde, se confirmariam como os corpos de Dom e Bruno
Reprodução/Redes sociais
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Em 16 de junho, os corpos de Dom e Bruno chegaram a Brasília para realização de perícia e confirmação de identidade
Igo Estrela/Metrópoles
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Em 19 de junho, a polícia informou ter identificado outros cinco suspeitos que teriam atuado na ocultação dos cadáveres. Segundo a PF, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”
Reprodução/Twitter/@andersongtorres
Exame médico-legal indicou que morte de Dom Phillips foi causada por disparo de arma de fogo
Photo by Victoria Jones/PA Images via Getty Images
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A morte de Bruno Pereira foi causada, segundo os peritos, por traumatismo toracoabdominal e craniano por disparos de arma de fogo com munição típica de caça, “que ocasionaram lesões no tórax/abdômen (2 tiros) e face/crânio (1 tiro)”
Funai/Divulgação
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Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Funai. Ele dedicou a carreira à proteção dos povos indígenas. Nascido no Recife, tinha 41 anos. Ele deixa esposa e três filhos
Reprodução
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Dom Phillips, 57 anos, era colaborador do jornal britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador, com a esposa
Twitter/Reprodução
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Em prisão domiciliar desde a última sexta, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a recorrer da decisão, mas o juiz federal Fabiano Verli manteve, no dia 18 de outubro, a liberdade provisória de Colômbia. Na manhã de sexta, o suspeito foi encaminhado ao Centro de Operações e Controle (COC), onde fez a instalação da tornozeleira eletrônica.
Apesar da soltura, a defesa de Colômbia esperava que ele ficasse preso até a próxima segunda-feira (24/10) — dia em que passa por uma audiência de custódia. Com outras passagens pela Justiça, ele ainda responde a um processo que apura sua participação em organização criminosa armada e crimes ambientais.
As vítimas
Bruno era considerado um dos indigenistas mais experientes da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por cinco anos. Em 2019, após combater mineração ilegal em terras indígenas, Bruno foi dispensado do cargo de chefia.
A exoneração do servidor ocorreu no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou um projeto para liberar garimpos nas reservas. O indigenista estava licenciado da Funai e fazia parte do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente (Opi).
Bruno era alvo constante de ameaças, devido ao trabalho desempenhado junto aos indígenas, contra invasores.
Jornalista preparava livro
Dom Phillips era jornalista colaborador do veículo britânico The Guardian. Ele se mudou para o Brasil em 2007 e morava em Salvador. Com apoio da Fundação Alicia Patterson, Phillips trabalhava em um livro sobre meio ambiente.
Além do Guardian, Phillips já havia publicado textos no Financial Times, no New York Times, no Washington Post e em agências internacionais de notícias.