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“Bicada”, macho chocador e 200 kg de ração: conheça as emas do Alvorada

Ave ganhou o noticiário na última semana após bicar o presidente Jair Bolsonaro enquanto ele tentava alimentá-la

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Igo Estrela/Metrópoles
Palacio Alvorada. Brasília(DF), 31/12/2019
1 de 1 Palacio Alvorada. Brasília(DF), 31/12/2019 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A ave que ganhou a internet nos últimos dias após bicar a mão de Jair Bolsonaro (sem partido) enquanto ele a alimentava faz parte do cenário que emoldura o Palácio da Alvorada muito antes de o primeiro presidente da República habitar a residência oficial. Naturais do Cerrado, as 38 emas que hoje passeiam pelos jardins do palácio servem a um propósito muito além do ornamental: são cruciais para o controle de animais peçonhentos.

Da mesma família dos avestruzes, as emas fazem o controle biológico de cobras, escorpiões, insetos e até mesmo pequenos roedores, como ratos. Além delas, galinhas, patos e gansos também desempenham esse papel.

O flagrante do presidente sendo bicado dia 13 de julho não foi a primeira interação entre Bolsonaro e os animais. O presidente e seus convidados, entre eles ministros, já foram vistos dando comida para as aves, que também estão presentes no Palácio do Jaburu, onde mora o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), e na Residência Oficial do Torto, emprestada para o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Algumas delas são oriundas de apreensões feitas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e encaminhadas para as residências, que têm autorização para criá-las.

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Consideradas onívoras – animais que comem tanto vegetais quanto carnes –, as emas do Alvorada são alimentadas com ração para avestruz e vegetais que sobram das cozinhas dos palácios. Por passarem o dia pastando, também se alimentam de animais que encontram pelo caminho. São aves que comem bastante; por mês, as 38 emas da residência oficial comem 200 kg de ração. O custo mensal com os cinco sacos de 40 kg é de R$ 600.

Segundo informações da Secretaria-Geral da Presidência, não há gastos extras com tratadores ou veterinários, pois o manejo é feito por funcionários ligados ao Planalto e as necessidades médicas são atendidas pela estrutura do Jardim Zoológico de Brasília, sem custos adicionais.

Comportamento incomum

De acordo com a diretora de aves do Zoológico de Brasília, Ana Cristina de Castro, não é comum que emas ataquem seres humanos ou animais maiores do que ela. Esse comportamento só é apresentado quando sentem que a prole está ameaçada, o que não era o caso na situação enfrentada por Bolsonaro.

“São animais que estão bem adaptados a viver naquela área, não é comum atacar, mas às vezes ela vai se defender. Uma coisa que pode acontecer é que ela se atrai por coisas brilhosas. Provavelmente foi isso o que aconteceu. São animais que não têm paladar, tanto é que a gente tem que tomar muito cuidado quando eles vivem assim, em cativeiro, para não deixar um prego, um arame, porque elas comem mesmo”, descreve a especialista.

A diretora destaca que a maior ave brasileira serve ao importante papel de controle biológico na residência de Bolsonaro. “Elas podem fazer controle de serpentes, escorpião, é muito importante. Elas matam, porque tem muita força no bico, e comem.”

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“O terror dos cachorros”

Os cachorros dos dois últimos presidentes da República, Michel Temer (PMDB) e Dilma Roussef (PT), foram perseguidos pelas emas nas residências oficiais da Presidência. O pet de Michelzinho, filho de Temer, da raça golden retriever, precisou correr de três aves que tentaram atacá-lo. Nego, cachorro de Dilma que gostava de correr atrás dos animais, também já sofreu o revés de ser vítima deles.

“Divisão de tarefas”

Quando o assunto é criação dos filhos, as emas machos dão show. O papel da fêmea, basicamente, é botar os ovos. Quem choca e cuida dos filhotes depois de nascerem é o macho. “Eles fazem o ninho no chão, em um oco, e é o macho que choca, com período de incubação, em média, de 53 a 60 dias. O macho é quem cria os filhotes, a fêmea só bota o ovo. Geralmente os ninhos são de várias fêmeas diferentes, o macho vai buscando e montando”, detalha a especialista em aves do zoológico.

A maior ave das Américas pesa em torno de 20 kg e mede cerca de 1,4 metro. Seu parente africano, o avestruz, tem proporções muito maiores e chega a passar dos 70 kg e dois metros de altura.  A ema macho costuma ser maior e facilmente identificada pela plumagem negra no peitoral. Territorialistas, costumam brigar pela área onde vivem e pelo direito de fecundar as fêmeas do grupo. “O que conseguir dominar é que vai fecundar. Geralmente é um macho para seis fêmeas. Você tem que fazer o controle para não ter problemas de manejo.”

No Alvorada, elas se reproduzem naturalmente, sem interferência humana. Em 2016, eram 22 emas, agora são 38.

Contando as três residências oficiais da Presidência em Brasília, há perus, pavões, pássaros pretos, canários, periquitos, emas, mutuns e araras. Outras espécies nativas silvestres também visitam esses locais; entre elas quero-queros, tucanos, garças e curicacas.

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