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Abril será mês “sombrio” em mortes e casos de Covid-19

Com letalidade em alta, técnicos do Ministério da Saúde indicam até 4 mil mortes diárias pela doença. Crise de UTIs intensifica escalada

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
coveiros de cemitério municipal, em goiânia, goiás, enterram vítima de covid-19. rotina cansativa
1 de 1 coveiros de cemitério municipal, em goiânia, goiás, enterram vítima de covid-19. rotina cansativa - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Após um mês sem precedentes durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Brasil amargará um abril “sombrio” em casos e mortes decorrentes da infecção. Mesmo se algumas medidas imprescindíveis forem tomadas, o atual estágio da enfermidade no país não permite imaginar reversão expressiva do quadro em curto prazo.

Segundo projeções de técnicos do Ministério da Saúde, se a vacinação não avançar consideravelmente e medidas de isolamento social não forem intensificadas, o panorama, que já é ruim, vai piorar.

Os cálculos internos, obtidos pelo Metrópoles com fontes da pasta, apontam que o país pode registrar até 4 mil mortes diárias em abril. O mesmo número é estimado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). A propensão ganhou ainda mais força com os consecutivos recordes dos últimos dias.

Na última semana, por exemplo, o Brasil computou duas marcas inéditas: mais de 3,6 mil óbitos em 24 horas e mais de 300 mil mortes desde o início da pandemia.

“Existem duas emergências básicas, do ponto de vista sanitário: a radical ampliação da imunização e a intensificação das regras de distanciamento. O essencial é que logo nos primeiros dias do mês tenhamos vacinado o público maior de 60 anos, para termos efeitos ao longo de abril”, destaca uma técnica do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Capacidade de imunização rápida o Brasil possui. O país, contudo, patina na compra e na produção de doses das vacinas contra a Covid-19.

Basicamente, a estratégia das autoridades de saúde ataca dois grupos essenciais. Com a vacina, os idosos ficam protegidos – quando são acometidos pela doença, necessitam de mais suporte. Vale destacar que o país vê a crise agravada pela falta de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e medicamentos para intubação.

A outra medida, de distanciamento social, visa, via fechamento de atividades não essenciais, evitar aglomeração de jovens e adultos em bares, restaurantes e festas. Aumentou exponencialmente a população entre 24 e 59 anos internada com a Covid-19.

O Brasil tem mais de 12,4 milhões de casos confirmados do novo coronavírus e mais de 307 mil óbitos em decorrência da doença. O Ministério da Saúde aplicou 16,6 milhões de doses da vacina (entre primeira e segunda doses). O Brasil é 2º em casos e 4º em mortes de presos em todo o mundo.

Letalidade

“A letalidade está aumentando porque estamos perdendo vidas sem que as pessoas tenham acesso a leitos de UTI ou de enfermaria. Março foi o pior momento da pandemia, mas a situação pode se agravar ainda mais”, frisa outra fonte da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) do Ministério da Saúde.

Não só o governo está em alerta. A Universidade Federal Fluminense (UFF), do Rio de Janeiro, também projeta que o Brasil viverá o momento mais crítico da pandemia de coronavírus entre abril e maio deste ano, com até 5 mil mortes provocadas pela doença por dia.

Em entrevista ao Metrópoles na última semana, o médico infectologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brandt apontou que a alta de mortes se deve ao colapso do sistema de saúde.

O docente ressalta que o país precisa continuar investindo em testagem. “Sem o número real de pessoas infectadas, é difícil estimar o quanto a letalidade pode aumentar, pois nunca saberemos o número real de casos na comunidade”, explica.

Versão oficial

Segundo o Ministério da Saúde, a vigilância epidemiológica estuda os fatores determinantes que podem ter relação com a ocorrência da Covid-19 na população, bem como a descrição dos casos por tempo, lugar e características dos doentes. Contudo, a pasta destacou que não divulga projeções oficiais.

“Analisamos a evolução e calculamos os indicadores epidemiológicos que avaliam o risco da doença. Esses dados geram informação para tomada de decisão, que embasam medidas de prevenção e controle”, informa, em nota.

O texto frisa que a vigilância epidemiológica usa dados gerados pelo sistema de saúde, conforme conteúdo apresentado nos boletins semanais, ou seja, volume de infecções e mortes.

“O Ministério da Saúde trabalha com a devida transparência na divulgação das informações sobre a pandemia da Covid-19, disponibilizando diariamente dados epidemiológicos e estrutura para enfrentamento da doença no Brasil em diversos canais, como o Painel Coronavírus, plataforma LocalizaSUS e tabela de casos e óbitos e Boletins Epidemiológicos”, pontua a pasta.

Mais vacinação

Na sexta-feira (26/3), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reafirmou que a intenção do governo federal é vacinar 1 milhão de pessoas diariamente a partir de abril. “Tenho certeza de que vamos conseguir”, afirmou.

A declaração foi dada quando o governo federal anunciou o desenvolvimento de um segunda vacina totalmente brasileira. Horas antes, o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, comunicou a criação de um produto similar.

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