A decisão da Justiça em condenar o ex-piloto Nelson Piquet a pagar R$ 5 milhões por falas racistas e homofóbicas em relação ao piloto Lewis Hamilton foi enaltecida por uma importante voz contra o racismo no pais.
O frei David Santos, diretor-executivo da Educafro, que foi uma das autoras da ação, elogiou a sentença, proferida pelo juiz Pedro Matos de Arruda, e afirmou que as faculdades de Direito no Brasil não ministram disciplinas com conteúdo antirracista.
“Acreditamos que mais de 90% dos juízes brasileiros não possuem essa formação, pois as faculdades estão desatualizadas. Esse domínio antirracista não é dado em nenhuma faculdade de direito do Brasil, nem na USP. Todas as Faculdades de direito, e outras, sérias, deveriam criar uma matéria antirracista, imediatamente” – afirmou frei David.
Para ele, a sentença é um marco na aplicação do Direito Antidiscriminatório.
“Fundamentos que ele utiliza na sentença mostram que o Judiciário brasileiro começa a se renovar e a se tornar mais justo para com os oprimidos. Ele, certamente, se preparou muito para julgar esse processo, pois esse conteúdo antirracista não é ensinado nas faculdades de Direito do Brasil”, afirmou.
Em entrevista a um blog, em 2021, Piquet se dirigiu a Hamilton como “neguinho”. Com a repercussão, o ex-piloto de Fórmula-1 negou conotação racial e afirmou que a expressão faz parte do vocabulário brasileiro. Ele disse, à época, que houve erro na tradução de sua declaração. Ele pode recorrer da decisão.