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PT grita “Fora, Campos Neto”, e o presidente do Banco Central reage

Essa guerra irá longe, sem sinais de trégua

atualizado

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Roberto Campos Neto
1 de 1 Roberto Campos Neto - Foto: Reprodução/Youtube

No dia em que o PT celebrou 43 anos, sua presidente, a deputada Gleisi Hoffmann, pregou “Fora, Campos Neto”, e o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse que os juros no Brasil estão “totalmente fora de propósito”, Roberto Campos Neto pediu paz.

Entrevistado do “Roda Viva”, programa semanal da TV Cultura de São Paulo, o presidente do Banco Central manteve-se na defensiva a maior parte do tempo. E mesmo na menor, não saiu do script que levou por escrito e que recomendava moderação:

“É importante reconhecer a legitimidade da eleição do presidente Lula, de forma democrática. O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre.”

Campos Neto assumiu a presidência do Banco Central em 2019, por indicação de Bolsonaro. Dois anos depois, com a sanção da Lei Complementar 179, o banco se tornou autônomo. Os mandatos do presidente e de seus diretores passaram a ser de 4 anos.

Lula terá de aturar Campos Neto até dezembro de 2024. A não ser que ele se disponha a sair antes. Não parece estar nos planos de Campos Neto. Como não estaria, segundo ele, em tempo algum, candidatar-se a algum cargo público:

“Quando sair, retornarei ao mercado financeiro”.

Foi de onde ele veio. E esse é um dos motivos da desconfiança de Lula e do PT: eles acham que Campos Neto serve melhor aos interesses do mercado financeiro que os do país. Na festa de aniversário do PT, sob o olhar atento de Lula, Hoffmann disparou:

“[Os ricos] mentem e o Banco Central corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isto tem que mudar. […] Precisamos parar de ter medo de debater política econômica, seja ela monetária, fiscal ou cambial”.

A independência do Banco Central na gestão de Campos Neto foi destacada por ele, que se sente acuado. Campos Neto lembrou que o banco realizou a maior subida na taxa de juros num ano eleitoral da história do Brasil, duas vezes maior que a ocorrida em 2001.

Em apenas 5 meses, a Selic, que começou o ano em 2%, saltou dez pontos percentuais em 2022. E isso deixou Bolsonaro irritado, com medo que inviabilizasse sua reeleição. A manutenção recente da taxa de juros em 13,75% ao ano irritou Lula.

Todo presidente do Banco Central justifica taxas de juros elevadas quando a inflação dá sinais de que pode sair de controle. Todo presidente da República quer taxas de juros menores para ter mais dinheiro para gastar ou investir. É assim em todo lugar.

Mas Lula e o PT veem em Campos Neto um bolsonarista infiltrado no governo que tomou posse em 1º de janeiro, e que 7 dias depois sobreviveu a uma tentativa de golpe. Campos Neto votou no 1º e no 2º turno vestido com a camisa amarela da Seleção. Por que?

Na entrevista, ele evitou responder à pergunta. Evitou também responder por que, em grupo de WhatsApp de ministros do governo anterior, apresentou estatísticas que garantiam a reeleição de Bolsonaro, como aqui no portal do Metrópoles foi publicado.

Argumentou, por fim:

“A autonomia do Banco Central é nova. Eu, que vim indicado por um governo, também estou aprendendo. Espero poder conversar bem com qualquer governo”.

Lula, tão cedo, engolirá Campos Neto. Por sua vez, o presidente do Banco Central, tão cedo, pedirá as contas. Vida que segue.

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