O sonho de Bolsonaro: reeleger-se para ter um STF alinhado com ele
Com dois mandatos, ele indicará quatro dos 11 ministros do tribunal
atualizado
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Tem nada a ver, nada a ver com Jairzinho paz e amor, invenção recente de Michel Temer, a decisão tomada pelo presidente Jair Bolsonaro de depor presencialmente no inquérito que apura sua interferência na Polícia Federal e que provocou a saída do governo do ex-juiz Sergio Moro, ministro da Justiça.
A decisão foi de Bolsonaro em estado quase bruto. Como ele soube que por unanimidade, ou quase isso, o Supremo Tribunal Federal aprovaria o parecer do relator do caso, o ex-ministro Celso de Mello, favorável ao voto presencial, Bolsonaro apenas se antecipou ao que lhe pareceu inevitável. Em outros tempos, reagiria.
Não quis colher, contudo, mais uma derrota no tribunal. Não quer que se diga que depôs presencialmente porque foi forçado a isso. Uma decisão do tribunal nesse sentido, de resto, criaria jurisprudência, e isso também não interessa a Bolsonaro. Mas nada impede que a jurisprudência acabe criada mesmo assim.
Só depende da maioria dos ministros do Supremo. O sonho de Bolsonaro é ter um tribunal alinhado com ele, como sugeriu, ontem, em conversa com um grupo de seus devotos. Ele acha que isso será possível se for reeleito ano que vem. Então, ao fim de dois mandatos, dos 11 ministros, 4 terão sido indicados por ele.