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No país da impunidade, mais uma data a ser celebrada

À falta de peixes nos rios, chuva de latas de sardinha

atualizado

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Crianças yanomami desnutridas aparecem sentadas em chão de terra batida em reserva indígena - Metrópoles
1 de 1 Crianças yanomami desnutridas aparecem sentadas em chão de terra batida em reserva indígena - Metrópoles - Foto: Condisi-YY/Divulgação

Há 10 anos, completados hoje, o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, matou 242 pessoas e feriu mais de 600. Em 3 de agosto do ano passado, por 2 votos contra 1, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça gaúcho anularam o júri que condenara 4 réus.

A saber: os sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann; um músico, Marcelo de Jesus dos Santos; e um auxiliar de palco, Luciano Bonilha Leão. As penas anuladas variaram entre 18 anos e 22 anos e seis meses de prisão. Foi o maior júri da história do Rio Grande do Sul.

Há exatos 1.780 dias, o Brasil amanhece sem que se tenha resposta a uma pergunta que teima em ser feita: quem matou a tiros no centro do Rio a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, quem mandou matar e por quê? O ministro Flávio Dino, da Justiça, promete esclarecer o crime em menos de 6 meses.

Seis anos depois do início do mapeamento da violência armada no Rio, o Instituto Fogo Cruzado anunciou que a trágica cifra de 1.000 mortos por bala perdida foi alcançada no final do ano passado. E superada, nas últimas 48 horas, com a morte de Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos de idade, vítima de um tiro de fuzil.

Nenhum dos casos foi desvendado. Na maioria das vezes, a polícia os atribui a traficantes e milicianos. O Rio já promoveu manifestações ruidosas contra a violência. Agora, só as famílias dos mortos se lembram deles. Rafaelly é a sexta menor de idade a ser morta por uma bala perdida nos últimos 12 meses.

Quem pagará pelo genocídio dos yanomamis? Nos últimos 4 anos, 570 deles com menos de 5 anos de idade perderam a vida. Nos últimos dias, mil indígenas foram resgatados e cinco dezenas de crianças internadas com desnutrição e outras doenças tratáveis. Antes, os indígenas pescavam para comer.

Sem peixes para pescar devido à contaminação de rios por garimpeiros de ouro, os yanomamis se alimentam de sardinhas enlatadas jogadas do ar por aviões da Força Aérea Brasileira.

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