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Lula, em nova troca de pele, manda recados para os evangélicos

É melhor do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

atualizado

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Ricardo Stuckert
Lula
1 de 1 Lula - Foto: Ricardo Stuckert

Um exemplar da Bíblia nas mãos teria caído bem no Lula, que visitou, ontem, Arcoverde, cidade do agreste de Pernambuco, a 256 quilômetros do Recife. Nos anos 1970, estive por lá acompanhando o frade italiano Damião de Bozzano, da ordem dos capuchinhos.

Damião era louvado como milagreiro e homem de uma só palavra. A coerência decorria do fato de que desembarcou no Brasil em 1931 sem falar português. Então, escreveu meia dúzia de sermões traduzidos para português, decorou-os e repetiu-os até morrer, em 1997. Fui ao seu enterro.

Por ora, Lula ainda não opera milagres de verdade. A coerência não é o seu forte. Ele mesmo já disse que é uma “metamorfose ambulante”. Se não fosse, sua vida como político não seria tão longa. Lula está prestes a trocar de pele uma vez mais. Estreou em Arcoverde o pastor Lula.

Nunca um discurso de Lula foi marcado por tantas referências religiosas. Jesus multiplicou os pães para alimentar a multidão que o seguia. Lula inaugurou um novo trecho da transposição do rio São Francisco para aumentar a fertilidade das terras do Nordeste.

Milagre por milagre, sem desprezo por Jesus (Deus me livre!), que foi o pioneiro, o “milagre” de Lula, pai do projeto da transposição das águas do rio, dará de comer e de beber a muito mais gente até o fim dos tempos. Lula começou seu discurso perguntando:

“Vocês acreditam em Deus? Vocês acreditam em milagre?”.

Em seguida, disse ser um milagre o que “a gente está vivendo hoje aqui. Ninguém acreditava na transposição do São Francisco”. Contou que na casa dele, quando menino em Garanhuns, distante 92 quilômetros de Arcoverde, não tinha água tratada. E aduziu:

Deus não é mentira, é a verdade, e não se pode usar seu nome em vão como eles usam todo santo dia”. 

Eles, quem? Não revelou. Em apenas um dos trechos de sua fala, Lula chegou a usar a palavra “fé” quatro vezes, enquanto lembrava ter sido eleito presidente sem diploma universitário:

“Se vocês não acreditassem, não tivessem , jamais vocês teriam votado para presidente da República num pernambucano que não tem diploma universitário, que só tem diploma primário e um curso do Senai. Vocês votarem em mim foi um ato de fé, de coragem, de acreditar que um milagre estava para acontecer neste país. Esse foi o primeiro milagre que aconteceu”.

Ao longo do discurso, Lula fez outras declarações semelhantes:

“Então eu resolvi investir em educação e, com a graça de Deus, com o milagre da fé, eu sou o presidente que mais fez universidades neste país, que mais fez escolas técnicas. […] É por isso, companheiros e companheiras, que esse é outro milagre. É o milagre da crença”.

Por fim:

“A gente tem o direito de ser feliz, a gente não fez opção para ser pobre, a gente não quer ser pobre, a gente não quer comer mal, trabalhar mal, ganhar mal, se vestir mal, estudar mal. A gente nasceu para querer todas as coisas boas que Deus nos ensinou a produzir”.

Aleluia, presidente! O recado foi dado. Resta esperar as próximas pesquisas para saber se os evangélicos ouviram e creram.

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