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Bolsonaro garimpava joias enquanto golpistas tomavam chuva

Órgãos de controle do Estado caem sobre ele matando

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Imagem colorida mostra joias que foram dadas a Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra joias que foram dadas a Bolsonaro pelo governo da Arábia Saudita - Metrópoles - Foto: Reprodução

“Não pedi presente nem recebi”, apressou-se a dizer Bolsonaro quando veio a público, há uma semana, o escândalo das joias milionárias, estimadas em 17 milhões de reais, trazidas para ele e sua mulher pelo então ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, de volta de uma viagem à Arábia Saudita.

O mundo conhece a generosidade dos árabes quando querem fazer amigos, influenciar pessoas e fechar negócios. Mas não se tinha notícia até então de um presente de valor tão alto, entregue fechado em cima da hora do embarque a quem o levaria, e desacompanhado de uma mensagem gentil para o destinatário.

A pressa em negar que tivesse recebido o presente foi o que deixou Bolsonaro em apuros. Albuquerque fora à Arábia Saudita como representante de Bolsonaro. Ficou por lá quatro dias, entre 22 e 25 de outubro de 2021. Nesse dia, em Brasília, Bolsonaro almoçou na embaixada da Arábia Saudita com o embaixador daquele país.

Albuquerque chegou ao Brasil no dia 26, e no dia 28, por meio de ofício, informou ao Chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal do Presidente da República que trouxera “bens” ofertados e que se fazia “necessário e imprescindível” que a eles fosse “dado o destino legal adequado”.

Em linguagem informal o aviso foi: “Voltei com presentes para o presidente da República; decidam o que fazer com eles”. Parte dos presentes fora apreendida pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, que a descobriu na sacola de um dos ajudantes de ordem do ministro. Parte entrou no país ilegalmente.

Primeira decisão de Bolsonaro: deixar tudo como estava porque em ano eleitoral não correria o risco de ser prejudicado com o eventual vazamento de notícia sobre o descaminho de joias para o casal presidencial. Dada às circunstâncias, era de descaminho que se tratava. Imagine quantos votos ele não poderia perder.

Segunda decisão de Bolsonaro uma vez que fora derrotado: incorporar os presentes ao seu acervo pessoal e não ao da Presidência. Foi o que fez com as joias recebidas no valor de 400 mil reais. Foi o que tentou fazer, mas não conseguiu, com as joias de Michelle, no valor de 16,5 milhões de reais. E, agora?

Os órgãos de controle do Estado estão caindo matando sobre ele, o almirante que serviu de mula e seus companheiros de viagem que trouxeram as joias. Mais gente será investigada. Se cogitava retornar ao Brasil em breve, Bolsonaro não mais o fará. O que devem estar pensando os golpistas que tomaram chuva por ele?

Enquanto acampavam à porta de QGs do Exército à espera de uma intervenção militar, os bolsonaristas sublevados não sabiam que seu líder tentava dar um jeito de deixar o Poder mais rico do que entrou. Sim, abandonou o Palácio da Alvorada mais rico, mas menos do que desejava. Terá de ir garimpar em outro lugar.

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