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Bolsonaro aloprou. Quem disse? Foi ele mesmo quem disse

Aloprar quer dizer “perder a cabeça”, brigar por pouca coisa, ficar muito nervoso e xingar sem motivo justo

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro discursa durante convenção que lançou candidatura de seu ex-líder na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo , ao Governo de Goiás
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro discursa durante convenção que lançou candidatura de seu ex-líder na Câmara dos Deputados, Major Vitor Hugo , ao Governo de Goiás - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Em entrevista de pouco mais de 5 horas ao podcast Flow, Bolsonaro admitiu que “aloprou” uma vez. Foi quando cometeu o que ele chamou de “imoralidade” ao receber no passado auxílio-moradia da Câmara mesmo tendo imóvel próprio em Brasília.

A respeito disso, ele também admitiu que à época falou “merda” à Folha de S. Paulo ao dizer que utilizava o dinheiro do benefício “para comer gente”. Sua confissão:

“Eu tenho um apartamento no Sudoeste [região do Plano Piloto, em Brasília] de 75 m². Um apartamento da Câmara é quatro vezes isso, 300 m². O apartamento era meu, comprei, paguei e recebi o auxílio-moradia, sim. Não é ilegal, pode ser imoral. Mas eu vivia do meu salário, tinha outras despesas…”

“Lógico que eu falei merda, porra. […] Cheguei em casa, minha mulher [estava com] um olho, ela que me comeu aquele dia com olhos, esporro, mijada. ‘Como é que você fala um negócio desses? Como é que eu fico?’ Ela tem razão, aloprei.”

O auxílio-moradia é pago a deputados que não ocupam apartamentos da Câmara. Até janeiro de 2018, Bolsonaro tinha recebido o benefício ininterruptamente desde outubro de 1995. Seu filho Eduardo, o Zero Três, havia recebido desde fevereiro de 2015, quando tomou posse como deputado pela primeira vez.

Ao todo, segundo a Folha, pai e filho embolsaram até dezembro de 2017 o total de R$ 730 mil, descontado o Imposto de Renda. Optaram por receber o auxílio em espécie, o que dispensava apresentação de qualquer recibo sobre gastos com moradia – outra imoralidade.

Bolsonaro aloprou outras vezes durante a entrevista. Voltou a defender o “tratamento precoce” (emprego de remédios sem nenhuma eficácia contra a Covid-19) e criticou as vacinas fabricadas para combater a doença. Sobre a Coranavac, disse:

“Você pode ver o que aconteceu com a China agora há poucas semanas. Uma crise de Covid na China. Eu te pergunto: a Coronavac de onde é? Não é da China? Eles não tomaram a vacina? Ou se tomaram, por que não teve eficácia?”

Voltou também a defender a ditadura militar de 64:

“O que foi o Regime Militar? Tem prós e contras. Nenhum regime é perfeito. Foi tudo de acordo com a Constituição de 47. Nada fora dessa área. Se você quiser falar em golpe, foi o Congresso [que deu o golpe], não foram os militares”.

E voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal, acusando-o de interferir em decisões do Congresso:

“A prisão do deputado Daniel Silveira, por exemplo. Se se sentir ofendido por palavras minhas, você vai à Justiça. Agora, prender o cara… Ficou preso por nove meses. Um poder não é melhor que o outro. A liberdade de expressão é sagrada”. 

Antes da entrevista, Bolsonaro discursou em evento na Federação Brasileira de Bancos, em São Paulo. Ali, aloprou também. Disse que manifestos em favor da democracia “são cartinhas” e pediu para ser julgado por suas ações. Tentou amedrontar os banqueiros, embora evitando mencionar diretamente o nome de Lula:

“Alguém recontrataria empregado que roubou sua empresa no passado? Acho que não. Alguns acham que o canalha que estava preso vai voltar para não continuar o que estava fazendo. Como os banqueiros estão se sentindo na Argentina neste momento?”

Bolsonaro tem conselheiros que nem mesmo seus conselheiros políticos sabem quem são. Quando ele alopra dessa maneira é porque deu ouvidos aos conselheiros ocultos, por sinal os mais afinados com o que ele pensa. São tão aloprados quanto ele. Os conselheiros políticos estão prestes a jogar a toalha.

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