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A verdadeira “capitã cloroquina” é a médica Nise Yamaguchi

A principal conselheira de Bolsonaro nos primeiros meses da pandemia sai da CPI da Covid-19 com a imagem pública fraturada

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
a médica Nise Yamaguchi em depoimento a cpi covid 19 cloroquina governo bolsonaro
1 de 1 a médica Nise Yamaguchi em depoimento a cpi covid 19 cloroquina governo bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O que leva uma médica famosa como Nise Yamaguchi, oncologista e imunologista com larga experiência em saúde pública como ela mesma alega, aderir ao negacionismo da ciência, juntar-se a gente como Jair Bolsonaro e os que apoiam e prestar-se ao papelão de defender simplesmente o indefensável numa CPI?

Ela entrou na CPI da Covid-19 no Senado e saiu seis horas depois como a maior advogada do chamado tratamento precoce do vírus com o uso de drogas ineficazes, superando até mesmo a Secretária Nacional da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, vulgo “capitã cloroquina”.

Yamaguchi é uma espécie de Luis Carlos Heinze com grife. Ele é engenheiro agrônomo e senador do Rio Grande do Sul, filiado ao Partido Progressista, o quarto maior do país, um dos fiadores do governo Bolsonaro dentro do Congresso. Não há sessão da CPI em que Heinze não pregue em favor da cloroquina.

Das mentiras e das muitas contradições em que Yamaguchi caiu, deu ciência a cobertura em tempo real do seu depoimento. A CPI evoluiu quanto a isso. Antes, só se saberia  delas mais tarde. Agora, mentiras, contradições, disparates e absurdos são apontados no momento em que ocorrem, provocando estupefação.

De todos os integrantes do gabinete paralelo montado dentro do governo para assessorar Bolsonaro nos primeiros meses da pandemia, Yamaguchi foi, de longe, a maior autoridade médica. Uma vez descoberto, o gabinete teve vida curta para que o presidente da República deixasse de ser alvo de críticas.

Não adiantou, quando nada porque Bolsonaro continuou seguindo as orientações de Yamaguchi e de outras vozes que com ela concordam. A médica valeu-se dos métodos solertes adotados por depoentes que a antecederam na CPI para escamotear a verdade e não se incriminar. De certa forma, foi bem-sucedida.

Mas sua imagem pública de cientista respeitável acabou demolida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) que a interrogou sobre questões elementares da medicina, e ela não soube responder. Disse-lhe Alencar então:

– A senhora não soube nem explicar o que é um vírus. A senhora sabe de oncologia, não sabe nada de infectologia, não leu, não estudou, é tudo superficial. O Brasil está lascado!

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