É bem próximo de zero qualquer chance de Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara, se tornar ministro da Defesa do governo Lula. Nem Aldo acredita nisso.
Seu nome passou a circular em parte do noticiário como o nome preferido dos militares para o cargo. Mas isso sempre foi mesmo. A milicada o adora. O que os une é o tom do discurso nacionalista e a da defesa da brasilidade.
Mas passa longe qualquer simpatia por ou alguma ideia de Lula, ou alguém dos seus, para fazer dele ministro porque é uma “ponte” com os militares. Explica-se.
Aldo foi ministro da Defesa por sete meses, entre 2015 até o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Foi muito próximo dos oficiais das três forças. Foi filiado ao PCdoB, partido pelo qual se elegeu deputado federal cinco vezes.
Nos governos do PT, o antigo comunista ocupou ainda outros três ministérios. Mas esse laço com a esquerda foi embora aos poucos.
Os elogios dos militares a Aldo seguem até hoje. E são públicos. O último elogio foi recentemente, em agosto, durante audiência pública na Câmara na qual o ministro da defesa, Paulo Sérgio Nogueira, levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas.
Presente ao lado de Nogueira, o comandante da Marinha, Almir Garnier, do nada, elogiou Aldo, aproveitando que o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa, Pedro Vilela é um alagoano.
“Prezado deputado Pedro Vilela, alagoano ilustre, cuja família tem raízes em terras de muitos ilustres parlamentares da vida nacional, inclusive o nosso amigo, o ministro da Defesa Aldo Rebelo, grande patriota e um homem de grande cultura, com quem aprendi muito. Sei que Vossa Excelência é muito ligado a ele” – disse o militar.
Aldo enalteceu o esforço do movimento em ajudar a construir um “pensamento nacionalista” e falou da dificuldade de se firmar uma “centralidade da questão nacional”. O ex-ministro se mostrou alinhado com o grupo e suas ideias, criticou pensamentos identitários – próprios da esquerda – e também os conservadores.
“O que eu quero é enaltecer, exaltar, reconhecer, o esforço que a Nova Resistência faz no conhecimento do nosso país: em ajudar a construir um pensamento nacionalista. Eu creio que a dificuldade do nacionalismo hoje, no Brasil, da luta para reafirmar a centralidade da questão nacional é exatamente a baixa densidade do pensamento nacionalista no Brasil” – disse Aldo Rebelo a esses interlocutores, na época.
Há tempos Aldo já não senta na mesma mesa com petistas, e muitos de seus antigos amigos do PCdoB. Suas ideias não batem mais. Ele defende a exploração de mineração em terras indígenas, algo impensável par ao governo que toma posse em janeiro. Seu espectro é outro.