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Derrotados nas urnas ignoram Conselho de Ética e salvam bolsonaristas

Quase metade dos deputados que integram esse colegiado não se reelegeram e nem comparecem, o que favorece Eduardo Bolsonaro e outros

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Janones Eduardo Bolsonaro
1 de 1 Janones Eduardo Bolsonaro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

As urnas foram cruéis com os integrantes do Conselho de Ética da Câmara. Quase metade dos 38 titulares e suplentes do colegiado, 18 deles (48%), não se reelegeram.

Se considerar apenas os titulares, a derrota é maior ainda: 65% (13) dos 21 não foram reeleitos. Apenas 08 obtiveram sucesso.

Entre 18 suplentes, 12 foram reeleitos e 06 deles, não.

Esse desempenho negativo dos integrantes está refletindo nos trabalhos do conselho, que nem está conseguindo se reunir. Depois da eleição, já ocorreram duas tentativas de sessões, mas sequer deram quórum. Passou muito longe, aliás.

São necessários que apenas 11 deputados marquem presença – nem precisam ficar lá – para a reunião acontecer. Nas duas tentativas os números de adesões de parlamentares foram muito insuficientes: em uma, apenas 5 registraram presença no painel; na outra, foram 6.

O não funcionamento do conselho beneficia deputados bolsonaristas que tem casos pendentes para ser julgado no colegiado. Dos 8 processos ainda tramitando, 6 envolvem aliados de Jair Bolsonaro. Um deles é seu filho, Eduardo, que responde por quebra de decoro por ataques feitos à jornalista Miriam Leitão, zombando da sua prisão na ditadura.

Os outros aliados do presidente da República “pendurados” no conselho, todos do PL, são Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP), Delegado Éder Mauro (PA) e Josimar Maranhãozinho (MA), um dos casos mais graves. Todos foram reeleitos.

Maranhãozinho foi flagrado numa operação da Polícia Federal com dinheiro em espécie em caixa, suspeito de ser verba advinda de orçamento secreto. O caso dele está parado há meses e sequer foi escolhido relator.

Se esses casos não forem julgados nessa legislatura, serão arquivados. Podem ser reabertos ano que vem se algum partido representar novamente contra eles no conselho.

Dois novos casos chegaram ao Conselho de Ética durante as eleições e envolvem André Janonoes (Avante-MG), acusado de espalhar “mentira e ódio” na campanha eleitoral, e, novamente, Zambelli, por ter saído armada pelas ruas de São Paulo atrás de um petista que fez críticas a ela.

 

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