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Psicopatas no comando e o mundo a ferver (por Eduardo Fernandez Silva)

Apesar da ganância humana, em breve – quanto antes melhor – o petróleo deixará de ser explorado

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1 de 1 imagem colorida de plataforma de petróleo em alto mar petrobras corrupção - Metrópoles - Foto: Reprodução

Cada vez mais, e em maior número, psicopatas assumem o comando de empresas e nações. Em razão do tipo de comportamento que praticam e acabam por incentivar, o futuro da humanidade fica ainda mais comprometido.

Como agem os psicopatas? Mesmo não sendo psicólogo pode-se dizer que essas pessoas, em variados graus, são: narcisistas, não se incomodam com a dor alheia, são falsos, calculistas, manipuladores, arrogantes, mentem e não sentem remorso quando pisam nos outros para alcançar seus objetivos. E podem ser simpáticos quando lhes convém, só para trair em seguida. É conhecida a regra de que todo estelionatário é simpático.

Prefiro não citar nomes, mas é fácil ao leitor verificar a quantidade de bufões na direção de países e organizações. Por quê?

São muitas as razões, e as mídias sociais, incubadoras de absurdos, é uma delas. Outra, é a extraordinária concentração de riqueza mundo afora, e as regras das competições por poder e dinheiro, que privilegiam aqueles que não têm escrúpulos, que são até capazes de rir da dor alheia. Não que todo comandante seja necessariamente um psicopata, mas, em nossas sociedades, que valorizam o individualismo e a ganância, não se importar com os outros acaba por ser uma vantagem. Que, sem dúvida, ajuda a destruir tanto o ambiente social quanto o natural, ao fazer prosperar a desconfiança, comportamentos antissociais e projetos que degradam a biosfera. Quando veem esses tipos antissociais assumirem posições de comando, muitos tendem a imitá-los. Consequentemente, o tecido social se esgarça.

Com psicopatas governando países, projetos danosos e que, por isso mesmo, não deveriam ser implantados, tornam-se realidade, pois beneficiam esses dirigentes; alguns ganham muito e a comunidade perde. A guerra na Ucrânia é um exemplo, e agora a perspectiva de explorar petróleo na foz do Amazonas é outro, embora não sejam iguais entre si.

A possibilidade de existir lá grande quantidade do veneno negro é grande. A relativamente recente descoberta desse fóssil na vizinha Guiana, e o incrível crescimento do seu PIB em quase 50% em um ano, fazem dilatar as pupilas (e a ambição) de muitos psicopatas.

A questão é que a população da Guiana mais sofre que se beneficia, em razão da multiplicação dos preços dos aluguéis e alimentos, da desorganização social decorrente do afluxo de estrangeiros mais bem pagos que os locais, do deslocamento do poder político local para as multinacionais, também estas muitas vezes dirigidas por psicopatas. Não há razão para se crer que os amapaenses terão melhor sorte, assim como não tiveram melhor sorte nem os habitantes da região de Carajás, nem os itabiranos. Nem, para olhar outro continente, a maioria dos congoleses. Essa realidade é esquecida por aqueles que privilegiam o ganho de alguns e não os da comunidade. Psicopatas, pois.

Além disso, a insuspeita Agência Internacional de Energia já mostrou que, para se ter chance de evitar catástrofes ainda mais frequentes e maiores em razão das mudanças climáticas provocadas, principalmente, pela ganância humana e queima do veneno, nenhum novo projeto de extração e queima de fósseis deveria ser iniciado.

Assim, apesar da ganância humana, em breve – quanto antes melhor – o petróleo deixará de ser explorado; novos investimentos em sua exploração tenderão a micar, para usar o jargão do mercado financeiro, e a agravar ainda mais as condições ambientais.

Melhor buscar alternativas que de fato impliquem melhoria das condições de vida da população. Este o objetivo que deve orientar decisões, e não a ideia ultrapassada e equivocada de fazer crescer o PIB.

 

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia. Ex-Diretor da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados

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