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Lula ganhou (por Cristovam Buarque)

Mas o bolsonarismo ainda vive e precisa ser derrotado

atualizado 31/10/2022 3:05

Foto de pessoas de verde e amarelo Hugo Barreto/ Metrópoles

Quando se compara as respectivas biografias e governos, surpreende que a vitória de Lula tenha sido tão apertada sobre Bolsonaro. Embora seja uma vitória histórica de um líder que enfrentou tudo que Lula sofreu, é uma vitória dele, de seu partido, dos que lhe apoiaram, mas uma vitória que além de comemorada precisa ser enfrentada, para o Brasil superar a trágica herança obscurantista e reacionária que o Bolsonaro deixa.

Primeiro, porque a eleição do Bolsonaro em 2018 foi resultado de erros que os democratas progressistas cometemos nos 26 anos no poder, entre 1992-2018. Segundo, porque nossos erros permitiram a Bolsonaro eleger senadores, deputados, governadores e uma imensa massa de brasileiros que, equivocadamente, se opõem á visão tradicional da esquerda.

Lula venceu, é preciso comemorar a grande vitória, mas saber nossos erros passados e o que fazer para ganhar o imaginário do povo brasileiro, e não apenas os votos dos eleitores.

Unir os democratas progressistas em um programa comum, recuperar o compromisso com os símbolos nacionais, respeitar todas as crenças e valores culturais que caracterizam o povo brasileiro, sem preconceitos, executar uma estratégia para quebrar a desigualdade como a educação é oferecida, conforme a renda das crianças, assumir o compromisso com a estabilidade da moeda, oferecer um programa claro de respeito ao meio ambiente, especialmente a Amazonia. Manter firme compromisso com a democracia e todas as liberdades individuais.

Sobretudo, saber que a vitória seria difícil sem o Lula, mas foi uma vitória do Brasil, não de um partido.

 

Cristovam Buarque, professor da UnB e ex-senador do Distrito Federal