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Hamas e o terror (Por Denis Lerrer Rosenfield)

Não se busca a paz, nem a coexistência pacífica, nem a criação de dois Estados

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Momen Faiz/NurPhoto via Getty Images
Domo de Ferro em funcionamento para evitar mísseis em Israel
1 de 1 Domo de Ferro em funcionamento para evitar mísseis em Israel - Foto: Momen Faiz/NurPhoto via Getty Images

Confundir o Hamas e a Jihad Islâmica com a causa palestina é um imenso desserviço aos próprios palestinos e a uma paz durável e justa no Oriente Médio, com dois Estados, judeu e palestino, vivendo lado a lado e cooperando entre si. Vitimizar os habitantes de Gaza como se estivessem submetidos ao arbítrio dos israelenses é não somente um erro de cálculo, como um desrespeito à verdade. Infelizmente, esse tipo de narrativa tem vigorado em boa parte da cobertura jornalística, fazendo a propaganda do terror ter valor de verdade.

Convém, preliminarmente, caracterizar o Estado do Hamas como um Estado de terror, que utiliza arbitrariamente a violência para atacar os israelenses e oprimir a sua própria população. Se os palestinos vivem lá na miséria e em péssimas condições sociais, isto se deve principalmente a que os recursos são utilizados para a compra e fabricação de armas, foguetes e mísseis, além da construção de túneis subterrâneos empregados em operações militares, para proteger os seus militantes, e não os palestinos, cujo bem-estar é literalmente menosprezado.

Há uma diferença essencial entre o Estado de Israel e o do Hamas. O primeiro está voltado para a proteção de seus cidadãos, pessoas livres num regime democrático, e o segundo, baseado na violência e na submissão dos seus, expõe esses seus súditos à violência por ele mesmo produzida. Se Israel tem um nível muito baixo de vítimas civis e Gaza um tão alto, isso se deve a uma diferença de natureza entre esses dois Estados: um defende os seus membros, o outro os submete à violência.

Não deixa de ser intrigante, salvo para os desavisados, que os civis palestinos ostentem um alto grau de mortandade, como se isso se devesse aos israelenses. A razão central consiste em que os terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica utilizam os próprios palestinos como escudos humanos. São esses dois grupos que ostentam o poder em Gaza, tendo como único objetivo o assassinato indiscriminado, lançando mais de 4 mil foguetes e mísseis sobre Israel com a exclusiva finalidade de promover um grande morticínio. Que Estado no mundo não reagiria a um ataque desse tipo?

Ao não lograrem os seus objetivos, graças à proteção do Domo de Ferro, construído por Israel para a defesa de sua população, pretendem os terroristas se apresentar como vítimas. Procuram tornar o insucesso militar uma vitória política, apresentando-se como vítimas. E alguns ainda compram essa narrativa, talvez com base num antissemitismo histórico.

Seria interessante alguém encontrar um só outro exército do mundo que, antes de derrubar um edifício que abriga esconderijos de armas e munições, avise seus ocupantes para que o abandonem, com o intuito de evitar vítimas. Não fossem suficientes o lançamento de folhetos e contatos telefônicos, foguetes de advertência são lançados dez minutos antes do ataque. Houve um caso em que foi negociado por telefone com o síndico o tempo de evacuação!

O que fazem o Hamas e a Jihad Islâmica? Colocam seus armamentos, militantes e instalações no meio da população civil para se protegerem. Eles não defendem os seus civis, que assim são feitos de escudos humanos. A sua finalidade é propagandística também: expor os israelenses como assassinos, procurando ganhar projeção na mídia internacional.

O Ministério da Saúde de Gaza, na verdade, do Hamas, mais funciona como um ministério da propaganda à Goebbels. Diariamente divulga o número de mortes palestinas a seu completo arbítrio, sem discriminar os militantes/militares da população civil. É como se apenas civis tivessem sido mortos, e não os terroristas. As vítimas civis mortas pelos foguetes do Hamas-Jihad Islâmica que caíram dentro do próprio território de Gaza não são sequer mencionadas, o que até já foi denunciado por uma entidade palestina de direitos humanos. Para não falar de comandantes militares que utilizam os próprios filhos como escudos, além do desmoronamento de casas quando da destruição de túneis construídos abaixo delas.

O desprezo do terror pelos civis chega ao ponto de foguetes serem lançados contra torres de transmissão de eletricidade, em território israelense, que fornecem energia para Gaza. Corta energia para a sua própria população e procura depois culpar os israelenses. O mesmo fazem bombardeando comboios humanitários a eles destinados, impedindo o seu próprio abastecimento. E tudo isso em meio a uma grande campanha midiática internacional procurando criminalizar os “judeus”.

O Hamas, em sua própria carta fundadora, tem como princípio a destruição do Estado de Israel. Não busca a paz, nem a coexistência pacífica, nem a criação de dois Estados, como preconizado pela Autoridade Palestina. Não é diferente das organizações palestinas que, em 1947-48, quando da partição da Palestina e da criação do Estado de Israel, prometeram jogar os judeus ao mar. A mentalidade de algumas lideranças palestinas não mudou. Ruim para os judeus, ruim para os palestinos e para outras etnias e religiões que lá vivem.

Denis Lerrer Rosenfield é professor da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Artigo transcrito de O Estado de S. Paulo

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