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Dória e Aécio brigam, Leite afaga ACM Neto (Braga ameaça) (Vitor Hugo)

Desde o surgimento do nome de Dória como postulante do PSDB, o deputado mineiro tornou-se incômoda pedra no sapato

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Aecio Neves
1 de 1 Aecio Neves - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

A política nacional segue seu curso em tempo sombrio de pandemia. Enquanto o ministro da Defesa, general Braga Neto, tenta solapar os alicerces democráticos, com ameaças levadas vias travessas ao presidente da Câmara, Artur Lira, de que “sem o voto impresso não haverá eleições em 2022 no Brasil”. O jornal Estado de S. Paulo cumpre o seu papel de informar a sociedade sobre a trama armada nos desvãos do Planalto, de fundar, em pleno século XXI, uma nova “República das Bananas” às margens do Lago Paranoá, quando mal começa o recesso no Legislativo e Judiciário.

E segue o corso: entre tapas verbais do governador de São Paulo, João Dória e o deputado Aécio Neves, em contraste com afagos virtuais e presenciais do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), no primo partidário, ACM Neto, presidente nacional do DEM, ex-prefeito de Salvador e postulante já em campanha ao governo da Bahia. Assim os tucanos tentam abrir caminho para emplacar o nome de um candidato – na terceira via, entre Lula e Bolsonaro – ao comando da República nas eleições do ano que vem.

Estes fatos esquentaram, a ponto de causar incêndios, o que se previa frio ou morno mês de julho. O atropelo de Braga Neto queima como batata quente em Brasília. As desavenças de Dória e Aécio, somadas à viagem de Leite ao Nordeste, animaram o circuito São Paulo, Belo Horizonte, Porto alegre e Salvador.

Diga-se a bem dos fatos: desde o surgimento do nome de Dória como postulante do PSDB, o deputado mineiro tornou-se incômoda pedra no sapato do governador paulista, com críticas ácidas e insinuações laterais à “pouca experiência” e, principalmente, aos laços que vincularam Doria ao então candidato Jair Bolsonaro, para vencer as eleições paulistas.

No chumbo grosso trocado, o governador acusa o parlamentar “de gostar mesmo é de fazer conchavos com o Centrão para prejudicar o Brasil”. Neves deu troco ferino: afirmou que Dória nunca foi de fato do PSDB e “apenas usou o partido para seus projetos pessoais, como quer fazer mais uma vez”, referindo-se à possível candidatura do paulista à presidência da República, “além de humilhar o ex-governador Geraldo Alckmin”. O lance mais drástico, porém, veio de Dória: pediu a expulsão do neto de Tancredo do PSDB. Xeque.

Agora um olhar sobre a Bahia onde, semana passada, desembarcou o tucano Eduardo Leite. Motivo da viagem: uma conversa com o neto de ACM. O encontro se deu num jantar, sexta-feira, 16, no histórico Corredor da Vitória, no cinematográfico apartamento do empresário João Gualberto, ex- prefeito de Mata de São João. Participaram também o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis e o deputado federal Adolfo Viana (PSDB). O governador gaúcho deu ainda longa entrevista, na Radio Metrópole, ao apresentador e ex-prefeito Mario Kértez. Ficou a impressão de que Leite aposta em seu estilo conciliador, seu êxito como gestor e sua juventude para ser o nome do PSDB para disputar a Presidência da República. Via redes sociais, ACM Neto falou do seu “prazer ao receber um dos grandes nomes da nova geração de políticos do Brasil. Fico muito esperançoso no futuro, por ver que a nossa geração tem bons exemplos de integridade, liderança e gestão pública. Com diálogo podemos construir um caminho”… Precisa desenhar? Tudo bem diferente das bravatas de Braga Neto e das arrelias Dória x Aécio. O resto a conferir.

 

Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br

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