Constituinte chilena perde apoio popular, aponta pesquisa
48% rejeitariam e 35% aprovariam a nova Carta Magna
atualizado
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Os ventos que sopraram a favor dos progressistas no Chile começam a mudar de lado. Após sucessivas vitórias que culminaram com a eleição presidencial de Gabriel Boric, pesquisa do Instituto Cadem aponta que a maioria dos chilenos reprovaria a nova Constituição, ainda em debate, que passará por um plebiscito em 4 de setembro deste ano.
Hoje 48% rejeitariam e 35% aprovariam a nova Carta Magna. Cenário completamente distinto de janeiro, quando 56% dariam um basta às leis do ex-ditador Augusto Pinochet e votariam por mudanças. 55% dos entrevistados que rechaçam a Constituição dizem desconfiar dos membros da Convenção Constitucional. 40% afirmam discordar das propostas aprovadas até o momento.
Há algumas possíveis razões para essa má percepção. O mau humor com o início da administração Boric, que estacionou em uma desaprovação de mais de 50% um mês após sua posse. A falta de comunicação das propostas constituintes, que até o momento passou mais tempo definindo sua formação, paridade e funcionamento do que efetivamente partindo para o debate público.
E quando os temas mais polêmicos surgem, o descontentamento brota à esquerda e à direita. Foi aprovada a desmilitarização dos carabineiros, a polícia chilena. O Senado será extinto e substituído por uma “Câmara das Regiões”, um órgão responsável pela formação das leis em acordo regional.
A partir de hoje (16), começa a funcionar “Comissão de Harmonização”, que tem a missão de avaliar questões jurídicas e a coerência do texto. Os trabalhos seguem até junho.
Mesmo com os resultados desanimadores, há um consenso na classe política que o país deve mudar parte de suas leis, respaldado pelos 78% que apoiaram a criação de uma Constituinte em plebiscito.
Caso a nova carta seja rejeitada, o Congresso poderia absorver e votar algumas das principais propostas e realizar uma reforma constitucional. Outra possibilidade é formar uma comissão constituinte com os atuais senadores e deputados. Em ambos os casos, as revoltas de 2019 sofreriam uma grande derrota.