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Filha de Necivânia: “Mamãe foi para o céu com a vovó”

Há três anos, a mãe da vítima assassinada pelo ex em Santa Maria perdeu a batalha para o câncer

atualizado

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Reprodução/Facebook
Vânia-Eugênio-3
1 de 1 Vânia-Eugênio-3 - Foto: Reprodução/Facebook

Os filhos de Necivânia Eugênio de Caldas (foto em destaque), 37 anos, estão inconsoláveis. A manicure foi morta pelo ex-companheiro, na tarde dessa quinta-feira (15/22/2019), na QR 217 de Santa Maria. De acordo com o vendedor ambulante Adaílton Eugênio de Caldas, 33, que também foi esfaqueado pelo agressor, a menina mais nova, de apenas 5 anos, já sabe que a mulher foi assassinada. E disse: “A mamãe agora foi para o céu com a vovó”.

De acordo com Adaílton, a mãe dele e de Vânia, como a vítima era conhecida, faleceu há cerca de três anos, após perder a batalha contra o câncer. O ambulante também ficou de frente com a morte. Ao tentar defender a irmã, ele levou duas facadas. Por sorte, superficiais: “Nada explica isso. Não há perdão para um desgraçado desse”, disse, na manhã desta sexta-feira (15/11/2019).

Ao Metrópoles, Adaílton contou os momentos de terror que viveu. Ele diz que ouviu o sobrinho de 8 anos, que estava na garupa da moto de Vânia, gritar por socorro. Quando correu para ver o que estava acontecendo, se deparou com Francisco Dias Borges, 37, segurando um facão. “Nesse momento, a minha irmã já estava no chão. Fui em direção a ele e, ao tentar desviar, desequilibrei e caí”, contou.

Depois, Francisco começou a golpear Adaílton. “Temia pela minha vida. Levei duas facadas certeiras. Uma no pescoço, e a outra, um pouco abaixo do ombro. Pensei que ia morrer também e não podia deixar meus filhos aqui. Me protegi apenas com os braços”, ressaltou.

Adaílton foi levado ao Hospital Regional de Santa Maria pelo Corpo de Bombeiros e teve alta na manhã desta sexta-feira (15/11/2019). “Eu escapei. Graças a Deus. Agora fica a revolta pela minha irmã, pelos meus sobrinhos. Eles estão inconsoláveis. A mais nova, filha desse relacionamento, já está sabendo que a mãe não vai mais voltar”, destacou. “Agora vamos resolver as questões do velório e ajudar os meus sobrinhos, que vão precisar da nossa atenção e carinho”, acrescentou.

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Pai da vítima, Manuel Eugênio também presenciou a ação do ex-genro. Ele estava tomando café na esquina quando tudo ocorreu. “Não era homem para a minha filha. Ela havia ido horas antes na delegacia denunciá-lo. A polícia iria atrás dele, mas antes disso, ele conseguiu matar a minha Vânia. Eu ainda disse a ela que temia que isso fosse acontecer. A Vânia dizia que não. Que não existia essa possibilidade”, lamentou.

O pai ainda comentou que a filha era reservada e não falava muito sobre o relacionamento. “Ela era mais na dela. Não sabemos o que acontecia entre os dois. Mas já havíamos pedido pra ela largar ele. Voltar para casa. Nunca apoiei o casamento.”

Vizinhos registraram o momento em que populares tentaram linchar o ex-companheiro de Necivânia. As imagens são fortes e mostram um grupo revoltado pisoteando e chutando a cabeça do homem. Na gravação (veja abaixo), também é possível observar Necivânia caída no chão, ainda de capacete. Ela conduzia a sua moto, uma Honda Bis, com o filho de 8 anos, no momento em que foi abordada por Francisco. Ele a derrubou do veículo e a esfaqueou no peito, embaixo do braço esquerdo e do direito.

Veja o vídeo abaixo:

 

 

O homem, que foi preso em flagrante, estaria esperando a vítima na quadra, ainda conforme o relato de testemunhas. Necivânia tinha ido cortar o cabelo do menino e voltava para casa, quando foi atacada.

 

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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