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Feminismo para todos! Saiba como o machismo também prejudica os homens

Homens devem ser feministas e lutar pela igualdade de gênero, pois o machismo também impõe padrões para eles

atualizado

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1 de 1 home flores buquê - Foto: iStock

Quando o assunto é machismo, o primeiro pensamento que se tem é sobre opressão contra mulheres. Mas, o que poucos percebem é que o machismo também interfere negativamente a vida dos homens. Uma pesquisa feita pela ONU Mulheres, portal PapodeHomem e Grupo Boticário revelou que 81% dos homens consideram o Brasil um país machista.

A pesquisa ouviu cerca de 20 mil pessoas em todo o país e os resultados provam que o machismo não é um conceito a favor dos homens. É uma definição adepta da opressão, da imposição de limites e de padrões.

Fonte: dicionário Michaelis

A ONU Mulheres divulgou um vídeo que é parte do documentário gerado pela pesquisa, explicando a importância de homens participarem deste tipo de debate.

Michely Coutinho, Diretora de Relações Étnico-Raciais, de Gênero e Diversidades do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior do Estado de Goiás (SINT-IFESgo), explicou que homens devem ser feministas e lutar pela igualdade de gênero, pois o machismo também os afeta.

“Um agravante é que o machismo afeta homens heterossexuais e, principalmente, gays, pois estes, muitas vezes, fogem de um padrão desde a infância”, analisou. Veja uma lista de problemas que o machismo pode gerar na rotina dos homens:

Cobrança para provar masculinidade
Desde criança, os homens são pressionados a provarem o quanto são “machos”. A pesquisa da ONU Mulheres aponta que os estereótipos do comportamento masculino causam dificuldades aos homens, já que 66,5% deles não falam com os amigos sobre medos e sentimentos. “A sensação que temos é de que o homem precisa mostrar a todo momento o quanto é forte, mesmo que isso signifique fazer coisas que ele não está afim, ou não concorda, mas que são vistas pela sociedade como uma escolha de macho”, pontuou Michely Coutinho.

É proibido demonstrar afeto
Segundo a especialista, quando dois amigos homens demonstram afeto da mesma maneira que duas mulheres, costumam ser julgados por terem “atitudes femininas”. A pesquisa da ONU revela que isso é uma realidade, pois 56,5% deles gostariam de ter uma relação mais próxima com os amigos, expressando mais afeto.

Estar sempre disponível para relações sexuais
Na visão de Michely, o machismo desumaniza os homens e as relações. “Espera-se um padrão e se esquece de que eles são seres humanos que tem vontades e sentimentos próprios”, diz. No sexo, homens também sofrem cobranças. “Essa história de que homem não ‘broxa’ e que tem que estar ‘a ponto de bala’ o tempo todo é triste. Não são robôs”, explicou. Se ele simplesmente não quer se relacionar, é julgado como gay e Michely define que esta é a linha tênue entre o machismo e a homofobia.

No mercado de trabalho homens não podem falhar
No ambiente de profissional, é cobrado que eles tenham “posturas de macho”. Segundo Michely, a expectativa que se cria em um homem é mais uma das pressões que eles sofrem. “Chefes costumam achar que eles tem que fazer horas extras sem reclamar, ser forte e estar sempre pronto para o trabalho, já que são ‘provedores’. Por isso, muitos recorrem a antidepressivos ou se entregam a doenças como alcoolismo”, pontuou.

Vaidade masculina é julgada
Michely Coutinho reforça que querer cuidar do corpo, da pele e do cabelo é algo que não diz respeito somente às mulheres. “É inadmissível que cuidar de si mesmo gere julgamentos tão agressivos. Não deve existir padrões para isso, somos seres humanos”, reforçou. Ela completa que um homem pode entender mais de arte e de roupa do que de futebol, sem que isso afete na sua masculinidade. A pesquisa mostra que 54% deles gostariam de ter mais liberdade para explorar hobbies pouco usuais sem serem julgados. “Não são essas escolhas que definem o que é ser homem”, completou Michely.

 

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