metropoles.com

ONU divulga pesquisa sobre os caminhos da fecundidade no Brasil

Estudo mundial recomenda empoderamento de mulheres, acesso a contraceptivos e serviços de saúde sexual e reprodutiva eficientes

atualizado

Compartilhar notícia

istock
família
1 de 1 família - Foto: istock

Segundo o Relatório Global do Fundo de População da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quarta-feira (17/10), quando as pessoas podem exercer seus direitos sexuais e reprodutivos – normalmente associados à saúde, educação e emprego –, escolhem famílias menores.

Apesar de isto parecer algo óbvio e um direito já adquirido, o estudo mostra como nem um país no mundo consegue garantir que a população tenha os direitos sexuais e reprodutivos respeitados. Os lugares mais próximos disso são aqueles onde os povos têm mais acesso à informação, a métodos contraceptivos e a profissionais de saúde: a consequência direta é uma sociedade desenvolvida, com questões econômicas e sociais mais bem resolvidas.

A escolaridade também está diretamente ligada à quantidade de filhos que uma mulher tem. No Brasil, por exemplo, aquelas com pelo menos ensino médio completo costumam ter um filho. Esse número cresce para três entre as menos instruídas.

“Para algumas pessoas, a busca por direitos reprodutivos é frustrada por sistemas de saúde que falham em serviços essenciais, como na oferta de contraceptivos. Para outras, barreiras econômicas, incluindo empregos de baixa qualidade e remuneração, e a ausência de creches tornam quase impossível começar ou expandir uma família. Agravando esses e outros obstáculos, está a persistente desigualdade de gênero, que nega às mulheres o poder de tomar decisões fundamentais na vida”, explica, na abertura do documento, a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Natalia Kanem.

O Brasil, especificamente, vive um fenômeno diferenciado. Apesar de as taxas de natalidade e mortalidade terem reduzido, a população ter ficado mais velha, a informação ter se tornado mais democrática e o acesso à saúde ter sido facilitado, as mulheres não se tornam mães cada vez mais tarde, dando importância à estabilidade financeira antes de começarem suas famílias.

Por aqui, a gravidez na juventude ainda acontece com muita frequência: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, a faixa de 20 a 24 anos foi a que mais teve filhos e, segundo uma pesquisa de 2006, 50% dessas mães não gostariam de ter engravidado naquele momento.

Para mudar esse cenário, o estudo, divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas no Brasil, recomenda: o empoderamento de jovens para que tomem decisões informadas e autônomas sobre sua vida sexual e reprodutiva; implementação de educação integral para a sexualidade que garanta informação adequada para a idade com enfoque participativo, intercultural, de gênero e de direitos humanos; garantir e ampliar o acesso a contraceptivos modernos; garantir atendimentos e cuidados adequados em casos de aborto legal e atenção humanizada a mulheres em situação de abortamento; assegurar serviços de saúde sexual e reprodutiva por profissionais qualificados acessíveis; melhorar a qualidade dos serviços de saúde reprodutiva e implementar políticas de conciliação entre trabalho e família; além de redução das desigualdades de gênero.

Compartilhar notícia