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Inspirado pela mãe, jovem cria aplicativo para pacientes com câncer

O wecancer oferece plataforma que permite inserir dados para facilitar contato com equipe médica

atualizado

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Mulher usa celular
1 de 1 Mulher usa celular - Foto: iStock

Em abril de 2014, a mãe do biotecnologista César Filho, 27 anos, faleceu após 11 meses de luta contra o câncer. Uma “heroína”, como explica o filho, que trabalhou em dois empregos para permitir a ele estudar em boas escolas.

“Eu me amargava muito ao vê-la ficando doente e não poder fazer nada. Decidi que queria ajudar as pessoas passando pelo que ela passou, direcionar esse amor e saudade para criar algo com o objetivo de ajudar os pacientes. Ela se foi antes que eu ‘desse certo’ na vida, investiu tanto em mim, e eu não tive tempo de retornar para ela. Resolvi fazer isso para outras mães”, conta.

A maneira que César encontrou veio em forma de aplicativo, e assim surgiu o wecancer. A ideia surgiu a partir em um curso de liderança da Fundação Estudar. Disponível apenas na Play Store, o app oferece espaço para o paciente documentar sua rotina. Quando toma remédios, o que está sentindo, se sente reações adversas. Se tem dúvidas, recebe dicas valiosas pelo WhatsApp; se precisa de ajuda com o dia a dia, é possível conversar com uma enfermeira entre as 8h e as 17h.

A equipe médica responsável recebe todas as informações em gráficos e pode configurar um alerta caso o paciente apresente um conjunto específico de sintomas. Assim, é possível entrar em contato para antecipar a consulta, ajustar medicamentos ou indicar que a pessoa procure um especialista rapidamente.

“Para tirar dúvidas em geral, desenvolvemos um chat com uma enfermeira oncológica que fica disponível para responder perguntas básicas entre as 8h e as 17h. Quando o paciente é diagnosticado, aparecem milhões de especialistas com dicas, e, para essas dúvidas básicas, temos a enfermeira”, explica César. A equipe médica pode também inserir no aplicativo datas de exames e horários de medicamento (com direito a dicas sobre a administração do remédio). Tudo com alarmes específicos para facilitar a vida do paciente.

A ideia deu certo e o projeto vem crescendo. Em parceria com Lorenzo Cartolano, o wecancer está sendo incubado pelo Hospital Albert Einstein, conta com um estagiário da Universidade de Harvard e conversa com uma operadora de seguros de saúde que aposta em visitas médicas em casa.

“Nos Estados Unidos, foi publicado um estudo que acompanhou pacientes utilizando uma tecnologia parecida e descobriu uma sobrevida de cinco meses a mais. Hoje, temos 600 mil novos casos de câncer por ano, e a expectativa é esse número dobrar nos próximos 12 anos. Precisamos criar opções para reduzir custos, melhorar a assistência e atender a demanda”, afirma César.

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