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Gravidez: Quanto tempo é muito tempo para esperar? Conheça as opções

É importante que a mulher pare para pensar no assunto, mesmo que a decisão final seja não ter filhos. O importante é se programar

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mulher grávida bebê
1 de 1 mulher grávida bebê - Foto: iStock

Há pouco mais de 50 anos, sem entrar no mérito “vilã ou mocinha”, a pílula anticoncepcional surgiu para dar uma maior liberdade sexual às mulheres, fazendo com que elas fossem donas dos próprios corpos.

De lá para cá, meninas do século 21 estudam, trabalham, sonham, desenvolvem ambições e criam metas. Mas nesse processo de controle da vida profissional e pessoal, o planejamento para ter filhos fica esquecido.

É ok não querer ser mãe e também é ok desejar isso até os 30. Mas é de extrema importância pensar bem sobre o assunto — enquanto existe a opção. Planejamento é essencial, já a fertilidade da mulher tem prazo de validade

Uma situação que está cada vez mais comum nos consultórios médicos são mulheres de quase 40 anos (solteiras ou casadas), com uma vida financeira estável, serem surpreendidas com a pergunta: “E filhos? Você está pensando em ter?”. A realidade só bate na frente do ginecologista, pois a maioria não tinha pensado nisso ainda.

A doutora Hitomi Miura Nakagawa, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e Diretora técnica e científica da Genesis – Centro de Assistência em Reprodução Humana, diz que nos últimos dois anos aumentou o número de mulheres com até 35 anos que procuram a clínica. “Começou a criar-se um alerta e uma busca para se programar. Antes não era muito comum”, diz.

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Infelizmente, as mulheres nascem com uma reserva fixa de óvulos. Geralmente, a programação é continuar estudando, ter uma estabilidade financeira e só depois entram os filhos. Sendo assim, o momento ideal para engravidar seria aos 60. Mas, os ovários não esperam tudo isso, então é preciso planejar. Em torno dos 30, máximo 35 anos, seria a idade perfeita para congelar óvulos. Criar uma solução e uma reserva antes de ter um problema.

Dra. Hitomi Miura Nakagawa

E existe uma explicação biológica para essa “faixa etária ideal”. Em média, cinco anos antes da menopausa a mulher entra na irregularidade menstrual. Mas, de 10 a 20 anos antes ela já pode ter uma redução da fertilidade. A média da menopausa para a nossa população é dos 45 aos 55 anos. Se pegarmos como exemplo uma paciente de 55 anos, 10 anos antes ela tem 45 e vinte anos antes 35.

Diferente das mulheres, a cada três ou quatro meses, o homem tem um novo “lote” de espermatozoides. Com a idade, eles ficam lentos, a quantidade reduz, mas eles continuam produzindo.

A gestação em números e opções 
O direito reprodutivo da mulher garante que ela não precise ter filhos até os 35 anos, já que pode congelar óvulos ou embriões. No entanto, é necessário analisar as opções antes de bater a vontade de passar por uma gestação. Por exemplo, tem dinheiro guardado para as opções de tratamentos de fertilização? Consideraria a adoção? São pontos que precisam ser planejados antes de adiar a maternidade.

O ser humano não é muito fértil. A nossa taxa de fertilidade gira em torno de 20%, chegando em até 23% quando se é jovem: em média, se este mês cinco casais tentarem engravidar, um terá resultado. Obviamente que, tudo depende da idade, saúde dos envolvidos e número de tentativas. Se o casal mantém de duas a três atividades sexuais por semana, espera-se que metade consiga engravidar em seis meses. 80% dos casos de sucesso acontecem no primeiro ano de tentativa.

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A primeira opção é sempre tentar engravidar espontaneamente. “Claro que se aquele não é o momento de vida para ter uma família, a alternativa viável é congelar óvulos ou embriões — caso queira ter filhos com aquele parceiro”, avalia a especialista.

Nakagawa explica ainda que mesmo para mulheres jovens que congelaram óvulos, a primeira opção recomendada não é usá-los congelados. “Se ela definir ‘eu quero’ e tiver uma faixa etária que é possível estar ovulando, vamos tentar naturalmente, é muito melhor assim”. Ela revela ainda, que se a mulher está com 37 até 40 anos e tem uma ovulação com boas chances de engravidar, vale tentar também.

“Há o mito de que a maioria dos bebês de mulheres mais velhas nascem com doenças cromossômicas. E não é verdade. Para grávidas abaixo dos 35, existe um caso de síndrome de Down a cada mil ou até duas mil fecundações. Na faixa dos 40 anos, um bebê vai ter a condição, a cada 100. Aos 45 anos, a estatística se estreita para um a cada 30”, revela.

Outro dado importante: a taxa de aborto em mulheres com menos de 25 anos é de 10%. Já nas mulheres acima de 45 chega a 70%, 80%. Isso também é resultado da qualidade do óvulo. Do mesmo jeito que as células da pele, do fígado e de outros órgãos envelhecem, o mesmo ocorre com o sistema reprodutor.

Apesar de ter ajudado muitas mulheres e casais, as técnicas de reprodução assistida ainda contam com um grande empecilho: o preço. Para a Dra. Hitomi, metade do tratamento é medicação para estimular a ovulação e quanto mais o tempo passa, menos o ovário funciona e a paciente precisará de mais medicação. Dependendo da faixa etária da mulher, estimulação, captação dos óvulos, fertilização e transferência para o ovário, varia de R$13 a R$ 20 mil.

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O outro lado da maternidade
Colunista do Metrópoles, no blog Licença Maternidade, e repórter especial da revista feminista AzMina, Carolina Vicentin contextualiza o fato das mulheres terem ganhado o mercado de trabalho nos últimos anos. “Antes eram criadas para ser puramente reprodutoras, cuidar da vida social do lar. Hoje acontece o contrário, se a mulher decide ficar em casa e abandonar, ou pausar a carreira, é uma exceção”.

Carolina acrescenta que é importante para as mulheres estudarem todas as possibilidades, pensar no horizonte a longo prazo. Para ela, os médicos e a medicina estão favoráveis a autonomia feminina e a decisão de quando ser mãe. A jornalista lembra que a maternidade não precisa acontecer de forma biológica. “Amor de filho é construído. Tem a questão do instinto, mas o amor mesmo é um processo”, propõe.

 

 

Reprodução assistida e hospitais públicos
No Brasil, apenas nove hospitais públicos realizam tratamentos de reprodução assistida gratuitamente — mesmo assim não conseguem garantir o acesso da população aos hormônios.

“Tem alguns programas que as pessoas podem utilizar. Foi criada uma parceria com a indústria farmacêutica que, por conta própria, oferecia descontos de até 30%, considerando a probabilidade de sucesso do tratamento”, explica a doutora Hitomi.

Os hospitais que disponibilizam a reprodução assistida de forma gratuita no Brasil são: Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte; Hospital Materno Infantil de Brasília; Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre; Hospital das Clínicas de Porto Alegre; Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Centro de Referência da Saúde da Mulher São Paulo – Pérola Byington; Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP); Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira em Recife (PE).

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