Volta às aulas: como lidar com a ansiedade das crianças neste período
Especialistas destacam que período é complicado para os estudantes e destacam pontos a serem observados pelos pais
atualizado

O período de volta às aulas pode ser de muito alívio para os pais, já que parte importante da rotina volta à normalidade e a preocupação com como ocupar e acompanhar os jovens fica resolvido. No entanto, muitas crianças acabam sofrendo com a ansiedade que este período pode proporcionar.
Segundo a psicóloga clínica Juliana Gebrim, neuropsicóloga pelo Instituto de Psicologia Aplicada e Formação de Portugal, o período de volta às aulas é conhecido por gerar ansiedade em parte dos alunos. No entanto, ela destaca que esse cenário ficou ainda mais acentuado após o fim do isolamento por conta da pandemia de Covid-19 e retorno para as aulas presenciais.
“Os impactos da pandemia do ponto de vista emocional nas crianças e nos jovens ainda são inestimáveis. Teremos que esperar anos para vermos a real dimensão dos danos no psicológico desta geração, que no processo de isolamento acabou tendo todo seu desenvolvimento de socialização afetado”, destacou Juliana.
Ela aponta ainda que uma apreensão para a retomada das atividades é natural, mas os responsáveis devem ficar de olho em alguns sintomas que podem indicar um grau mais elevado de ansiedade nos alunos.
“Isolamento, agressividade, choro fácil, alteração brusca de humor e falta de apetite são alguns dos sinais que devem ser observados. Caso um desses itens seja identificado e sua intensidade ou frequência for considerada alta, é indicado procurar um psicólogo ou psiquiatra para acompanhamento”, apontou.
Mas e os pais, como podem contribuir neste processo?
A coordenadora de atendimento às famílias e psicologia escolar da escola Eleva, Ana Carolina Palmeirão, aponta que os adolescentes são os que mais sofrem com este quadro. Segundo ela, os casos mais acentuados e graves são identificados entre pacientes de 14 a 16 anos.
Ana Carolina afirma que os pais podem tomar algumas medidas dentro de casa para que os efeitos no retorno à escola sejam amenizados. Ela destaca que é fundamental que dinâmicas em famílias sejam retomadas. Passeios, refeições com todos à mesa e restabelecer rotinas e horários são algumas das medidas sugeridas.

A ansiedade é uma espécie de condição psíquica caracterizada por preocupação constante e excessiva de que algo negativo possa acontecer. Segundo pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é, ainda, uma sensação difusa de desconforto carregado por sentimento frequente de apreensão que pode desencadear transtornos Peter Dazeley/ Getty Images

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo, e registrou ainda mais casos da condição durante a pandemia da Covid-19. Além de adultos, a ansiedade também pode se manifestar em crianças por diversos motivos, como divórcio dos pais, provas ou problemas na escola, por exemplo Elva Etienne/ Getty Images

Apesar de ser considerada relativamente comum, uma vez que pode atingir qualquer pessoa por qualquer motivo, a ansiedade se torna um verdadeiro problema quando tudo vira motivo de preocupação exagerada e o paciente passa a apresentar crises Tara Moore/ Getty Images

A crise de ansiedade é uma situação que causa grande sensação de angústia, nervosismo e insegurança, como se algo de muito mau, e que foge completamente do controle, fosse acontecer a qualquer momento Getty Images

A crise surge, normalmente, devido a situações estressantes específicas e que geram gatilho, como precisar fazer uma apresentação, ter prazo curto para entregar um trabalho, estar em algum lugar que não gostaria ou ter sofrido uma perda, por exemplo Tara Moore/ Getty Images

Entre os sintomas de uma crise de ansiedade estão: batimentos cardíacos acelerados, sensação de falta de ar, formigamento no corpo, sensação de leveza na cabeça, dor no peito, náuseas, transpiração excessiva, tremores, entre outros Holly Wilmeth/ Getty Images

Estes sintomas ocorrem devido ao aumento do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, algo normal quando a pessoa enfrenta um momento importante. Contudo, se os sintomas se tornarem constantes, podem sinalizar um transtorno de ansiedade generalizada Klaus Vedfelt/ Getty Images

O que se deve fazer durante uma crise de ansiedade depende da gravidade e da frequência dos sintomas e, por isso, o ideal é sempre receber aconselhamento especializado, de um psiquiatra ou psicóloga MICROGEN IMAGES/SCIENCE PHOTO LIBRARY/ Getty Images

Apesar disso, realizar exercícios de respiração, ingerir chá calmante, tentar conversar com alguém de confiança, descansar, desligar a mente, fazer atividades físicas que goste ou tentar manter o pensamento em algo que dê conforto são algumas dicas que podem ajudar a aliviar o problema Jamie Grill/ Getty Images

Quando a crise de ansiedade acontece pela primeira vez, ou não se tem certeza do que está acontecendo, é importante procurar um hospital para garantir que não seja outro problema mais grave, como o infarto Science Photo Library/ Getty Images

De qualquer forma, caso as crises sejam frequentes, um especialista deve ser procurado para identificar a causa e iniciar um tratamento Fiordaliso/ Getty Images

A ansiedade pode desencadear problemas que, dependendo dos sintomas, podem ser classificados como Transtorno de ansiedade generalizada (TAG), fobia social, síndrome do pânico, entre outros. Esses problemas podem gerar impacto na vida pessoal e profissional do paciente, por isso o quanto antes for diagnosticado, menos problemas serão enfrentados kupicoo/ Getty Images
“Outra dinâmica importante e de muito ganho é permitir que a criança receba alguns amigos em casa. Incentivar a visita, ou que o filho vá para a casa de um colega que ele goste mais, pode ser muito importante para que o quadro seja revertido. Mais importante ainda é que o diálogo seja parte da rotina. É essencial mostrar para eles que é normal não se sentir muito bem, e o tema não deve ser um tabu entre o jovem e a família”, ressaltou.
Papel da escola
A escola também tem pode ajudar na situação. As duas psicólogas destacam que o colégio deve acompanhar caso por caso para que o aluno se readapte à rotina e que a ansiedade não seja prejudicial para o desempenho acadêmico. Os pais ou responsáveis devem ouvir as queixas dos jovens e levá-las à escola para ajudar em um retorno mais tranquilo.
Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.