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Para conter pico da Covid-19, cientistas pedem fechamento de escolas

Especialistas de várias instituições lançaram manifesto defendendo que as aulas sejam suspensas neste momento de alta de casos

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles
Volta às aulas do ensino fundamental nas escolas particulares do DF
1 de 1 Volta às aulas do ensino fundamental nas escolas particulares do DF - Foto: Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles

O grupo Observatório Covid-19 BR, que inclui cientistas da USP, Unicamp, Unesp e UnB, divulgou um comunicado no qual defende a não reabertura de escolas e universidades. O argumento principal dos pesquisadores é o agravamento da pandemia de coronavírus no Brasil e o risco elevado de transmissão do vírus. Para os profissionais, os “ambientes escolares ainda não estão devidamente preparados para lidar com os riscos e para garantir a proteção de funcionários e alunos”.

Os recordes diários de infecções e mortes no Brasil e o colapso do sistema de saúde em todo o país são outros pontos levantados pelo grupo para justificar o adiamento das aulas presenciais. “É necessário, sim, considerar as diversas implicações da ausência de atividades escolares presenciais, e buscar caminhos para minimizar todas elas”, ponderam os especialistas. “No entanto, acreditamos ser fundamental guardar como maior prioridade preservar a vida das crianças, adolescentes e de toda comunidade escolar”.

De acordo com o Observatório Covid-19 BR, informações do Centro de Controle de doenças estadunidense (CDC) dão conta de que o ensino presencial representa risco elevado de transmissão e surtos quando o número de casos for maior que 100 casos por 100 mil habitantes ou enquanto a taxa de positividade de casos ativos (por exemplo, com testes RT-PCR ou de antígeno) for maior que 10%.

A falta de testagens sistemáticas “que possam avaliar com precisão o número de pessoas infectadas com capacidade para transmitir para outras pessoas” no Brasil, segundo os autores, é um impeditivo para alunos voltarem às salas de aula, já que há subnotificação de casos no país.

“Além da subnotificação, a notificação de boa parte das confirmações de casos e mortes por Covid-19 pode acontecer muito tempo depois de sua ocorrência. Assim, casos registrados são uma subestimativa do total por 100 mil habitantes. Mesmo assim, por ambos critérios, temos evidência de que o país vive uma situação alarmante. E por ambos os critérios hoje as escolas devem ficar fechadas na maioria dos estados do Brasil”.

Outro argumento do texto é o de que interações por tempo prolongado e em ambientes fechados, como ocorrem em escolas e universidades, aumentam o risco de transmissão do Sars-Cov-2. O transporte coletivo, usado pela maioria de alunos, professores e funcionários, segue a mesma lógica. “Ademais, na maioria das escolas públicas, não foram disponibilizadas condições estruturais e funcionais para que as medidas de proteção sejam plenamente seguidas“, completam.

Antes de reabrir os espaços de ensino, os especialistas defendem uma série de providências. Entre elas estão salas com ventilação adequada; equipe de limpeza suficiente; materiais e equipamentos para proteção individual; implantação de estratégias de testagem periódica e identificação de contactantes e orientação à comunidade escolar sobre os protocolos.

“Nossa proposta é de políticas que preservem a vida e garantam a educação. O compromisso com a vida exige que, nesse momento de plena ascensão de casos de Covid-19 no país, haja um lockdown estrito e que as escolas tenham seu funcionamento presencial interrompido”, afirmou o documento.

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