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Paciente com diabetes realiza sonho de ser mãe após transplante de rim

Eulalia Priscila Carvalho, 30 anos, passou por um aborto espontâneo e um transplante renal antes de realizar o sonho da maternidade

atualizado

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Rafaela Felicciao/Metrópoles
Paciente transplantada – Eulalia Priscila Carvalho (5)
1 de 1 Paciente transplantada – Eulalia Priscila Carvalho (5) - Foto: Rafaela Felicciao/Metrópoles

Construir uma família sempre foi um sonho para Eulalia Priscila Carvalho, 30 anos. Diagnosticada com diabetes tipo 1 aos 4 anos de idade, a nutricionista teve que lidar com muitos desafios antes de experimentar a maternidade. Sessões de hemodiálise, um aborto espontâneo e um transplante renal fazem parte dessa longa jornada.

A diabetes tipo 1 é caracterizada pelo excesso de açúcar no sangue, sendo uma doença genética e autoimune — as células de defesa do corpo atacam o pâncreas, que produz insulina. Em falta, o hormônio não consegue cumprir sua missão de regular a quantidade de glicose no sangue e permitir sua transformação em energia para o corpo. O açúcar se acumula nas veias e artérias e pode, então, provocar problemas mais sérios em vários órgãos do corpo.

O diagnóstico costuma ser feito durante a infância, e os principais sintomas são sede constante, vontade frequente de urinar, cansaço excessivo, aumento de apetite, dificuldade de ganhar peso ou emagrecimento acentuado, dor abdominal, vômitos e visão embaçada.

A diabetes tipo 1 é diferente da tipo 2, que é a mais comum e está relacionada ao estilo de vida, alimentação desregulada e falta de atividade física.

Desde que recebeu o diagnóstico de diabetes, Eulalia faz tratamento contra a doença. No entanto, com o passar dos anos, a condição progrediu e atingiu outros órgãos como os rins, que pararam de funcionar corretamente, obrigando a jovem a fazer sessões de hemodiálise e a entrar para a fila de transplante.

“A hemodiálise é um tratamento difícil e doloroso. Durante um ano e dois meses, eu fazia sessões durante duas horas, de segunda-feira a sábado. A gente precisa de uma dieta restritiva, fica frágil e passa muito mal”, lembra.

Neste período, ela engravidou, mas perdeu o bebê na sétima semana de gestação em um aborto espontâneo. “O meu sonho sempre foi ter um filho e construir uma família. Perder meu bebê foi mais doloroso do que saber que o meu primeiro possível doador de rim não era compatível”, conta a nutricionista, que é casada com Luiz Carlos Costa do Nascimento.

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Médico de Eulália, o nefrologista Pedro Mendes explica que, apesar de não ser contraindicada, a gestação durante o tratamento de hemodiálise coloca a saúde de mãe e filho em risco. “A gravidez por si só aumenta o risco de pré-eclâmpsia. Durante a hemodiálise, esse risco fica muito mais alto porque a paciente passa por alterações na pressão arterial”, conta o médico, que trabalha no Hospital Brasília.

A indicação para pacientes crônicas nestes casos é que esperem um ano após o transplante para engravidar. “Este é o período mais difícil, quando precisamos ajustar as medicações e o organismo está se adaptando. Depois disso, é mais tranquilo”, explica o médico.

O esperado transplante

A primeira ligação para o transplante ocorreu sete meses após Eulalia entrar para a fila de espera. No entanto, o rim não era compatível. “A gente fica na expectativa de transplantar, mas o órgão não era viável. Fiquei triste, mas o sentimento não foi de frustração, senti que era uma preparação para o momento certo”, lembra.

Só em abril de 2019, quando conseguiu finalmente passar por um transplante bem-sucedido, Eulalia pode retomar sua vida normal. Voltou a trabalhar, estudar e começou uma rotina de atleta, pedalando distâncias de até 40 quilômetros. “Foi como um renascimento para mim”, se emociona.

No ano passado, veio a notícia que ela esperava. “Estava em uma consulta de rotina com o meu médico quando reclamei de sentir muita sonolência. Ele me passou uma bateria de exames e nós dois fomos surpreendidos juntos, quando ele disse que eu estava grávida”, lembra.

Eulalia deu à luz Heloisa em março deste ano, na 35ª semana de gestação. A menina teve hipoglicemia quando nasceu e precisou passar 27 dias internada em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Hoje, em casa, com apenas 40 dias, a pequena é a alegria da família.

“Estou aprendendo a ser mãe. Todo dia é uma experiência diferente. O sentimento é de gratidão a Deus, à minha família e à equipe médica que me ajudou”, conta a jovem sobre seu primeiro Dia das Mães.

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