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Medir a temperatura no pulso adianta para monitorar casos de Covid-19?

Mesmo não sendo o sintoma mais comum da infecção, temperatura é aferida na entrada de estabelecimentos comerciais

atualizado

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termômetro no pulso
1 de 1 termômetro no pulso - Foto: GettyImages

No começo da pandemia, um dos sintomas mais comuns apontados pelos médicos para o diagnóstico da Covid-19 era a febre. Com o passar dos meses, uma das exigências para a reabertura do comércio foi que se aferisse a temperatura dos consumidores na porta dos estabelecimentos. Assim, os termômetros de testa, que utilizam uma tecnologia infravermelha, começaram a ser usados.

Porém, tão logo a ação se popularizou, surgiu um boato na internet que acusava o termômetro de causar danos à glândula pineal, envolvida diretamente na produção de alguns hormônios, como a melatonina. O equipamento não faz mal algum à saúde, mas o protocolo foi mudado informalmente e a temperatura passou a ser aferida pelo pulso.

Quem já teve a temperatura medida na região provavelmente percebe que ela costuma estar abaixo do normal, que fica entre 36 °C e 37,5 °C.

“O punho é uma região periférica. É comum que ele apresente temperaturas mais baixas do que a da nossa testa. Para evitar que o corpo perca calor, o organismo diminui o tamanho das nossas arteríolas, e, com isso, vai menos sangue para as mãos e os punhos. Por isso, essas regiões são mais frias”, explica Felipe Magalhães, clínico geral e diretor científico do Jaleko, uma plataforma de ensino de medicina.

Lívia Vanessa Ribeiro, vice-presidente da Sociedade de Infectologia do DF, explica que, além do pulso não ser o local ideal para a aferição de temperatura, os termômetros usados não são feitos para medir a temperatura ali e, muitas vezes, nem são destinados à medição em pessoas.

“Nem sempre os estabelecimentos utilizam termômetros próprios para aferir a temperatura humana. Já vimos locais com termômetros de aferir temperatura de mercadorias. Um problema muito frequente é que nem sempre o equipamento está calibrado corretamente, ou seja, a temperatura que sairá no visor não é a verdadeira”, afirma a infectologista.

Além disso, a médica defende que a medição de temperatura não é eficaz para monitorar casos de Covid-19. Lívia conta que nem todo indivíduo infectado tem febre, muitos são assintomáticos, e a maioria das pessoas que está com a temperatura alterada não costuma sair de casa pelo desconforto da situação.

“Ressaltamos sempre que existem outras medidas de segurança, mais importantes e efetivas, que devem ser tomadas tanto pelas pessoas que irão ao lugar quanto pelo comércio”, diz.

A infectologista cita o uso de máscaras pelo frequentador e pelos funcionários do estabelecimento, o controle da quantidade de pessoas no ambiente para garantir o distanciamento físico, medidas para manter o ambiente arejado e oferta de álcool em gel para a higienização das mãos.

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