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Médico Pedro Schestatsky ensina como assumir rédeas da própria saúde

Autor do livro Medicina do Amanhã defende o empoderamento dos pacientes como maneira de garantir uma vida mais saudável

atualizado

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Pedro Schestatsky
1 de 1 Pedro Schestatsky - Foto: Instagram/Reprodução

Ir ao médico para permanecer saudável e não para ser curado de uma doença já existente. Esta é uma das premissas da chamada “medicina do amanhã“, conjunto de práticas e posicionamentos sistematizados por Pedro Schestatsky, neurologista, professor e pesquisador de novas tecnologias em medicina. Em linhas gerais, o especialista prega a medicina descomplicada, o empoderamento do paciente e a retirada da figura do médico do “pedestal do conhecimento”, no qual ele é apresentado como alguém inacessível e inquestionável.

Autor do livro Medicina do Amanhã: como a genética, o estilo de vida e a tecnologia juntos podem auxiliar na sua qualidade de vida (2021), publicação em formato e-book mais vendida na Amazon na sessão Saúde e Boa Forma, o médico defende que a medicina do futuro também será chamada de Medicina dos 5Ps: preditiva, preventiva, personalizada, proativa e parceira.

“A ausência da doença é uma consequência da saúde. Parece óbvio, mas nós médicos não trabalhamos com esse paradigma. A gente começa a trabalhar com cadáver, ou seja, começamos pela doença”, afirma o neurologista.

Em entrevista ao Metrópoles, Pedro Schestatsky explica mais sobre sua filosofia profissional, a relação entre as novas tecnologias e o futuro da medicina e dá dicas de como tomar as rédeas da própria saúde.

5Ps
A medicina preditiva — o primeiro “p” do método de Pedro Schestatsky — diz respeito ao genoma e tudo o que está “escondido” nele, no que tange a saúde. Para descobrir a melhor forma de usar a própria genética a seu favor, a sugestão do especialista é investir em exames de mapeamento ou mesmo em kits genéticos, que podem ser encontrados em farmácias. Conhecer seus próprios elos frágeis, segundo o médico, pode ajudar em uma prevenção de doenças mais assertiva.

A prática de saúde preventiva, de acordo com o especialista, é justamente buscar a manutenção da saúde — não apenas em momentos extremos, como em uma pandemia, mas para a vida inteira. A ideia é reconhecer a cozinha como uma farmácia dentro de casa.

“Uma das coisas mas bacanas que se pode fazer pela própria saúde é um fermentado de qualquer vegetal com água e sal. O principal órgão do organismo é o intestino. O fermentado é um caldo de bactérias boas que aumenta a imunidade, desinflama e tem outros 35 mecanismos benéficos para a saúde”, ensina.

Como o nome sugere, a medicina personalizada faz referência ao fato de que cada pessoa é única. “Não adianta ter um tratamento de rebanho se você tem ovelhas de todas as estirpes. É preciso ter dispositivos que te individualizem, ao contrário do que prega a medicina tradicional”, compara.

Em seguida, a proatividade engloba um programa que inclui movimento, alimento e pensamento. Basicamente: pratique exercícios, siga uma dieta adequada e cuide dos pensamentos negativos. “A dieta mediterrânea é uma das que mais previne doenças no mundo”, completa o médico. “O pensamento se desdobra em sono, relacionamento e propósito de vida, além da prática da respiração consciente.”

Por fim, o último “p” se refere à parceria para a relação médico-paciente. Aqui, é importante diminuir a assimetria entre a sabedoria do especialista e a suposta ignorância do paciente. “O médico sempre teve uma certa aura de mistério e isso é uma bobagem”, defende. “Hoje, o paciente pode buscar informação em uma ampla gama de lugares.”

Abrace a desconveniência

Declare guerra aos elevadores. Estacione mais longe do que o local de destino. Pratique jardinagem, limpe sua casa, passeie com o seu cachorro, tire sua televisão do quarto. Estas são apenas algumas sugestões do especialista para garantir o protagonismo da própria saúde.

Investir em formas de exercitar o cérebro também é indispensável para se manter saudável, segundo Pedro. E não basta preencher palavras-cruzadas de vez em quando: para desinflamar o corpo, é preciso desinflamar os pensamentos. “Converse com desconhecidos, aproxime-se da sua família e cultive pensamentos positivos. Tudo isso afeta o sistema imunológico”, enumera.

Outro ponto que o neurologista chama atenção é para a escolha dos amigos. “Somos 50% do que nossos amigos são. Então, se tenho amigos pessimistas, obesos ou fumantes, tenho 50% de chance de ser como eles”, justifica.

Não terceirize sua saúde

O médico critica tratamentos milagrosos, pílulas “mágicas” e fórmulas capazes de resolver de uma dor de cabeça a câncer. Para o especialista, qualquer outro recurso que não a autogestão da saúde é um desperdício de tempo e dinheiro. “A informação sobre saúde nunca foi tão disponível e a figura do ‘paciente passivo’, que apenas seguia as ordens do grande detentor do conhecimento — o médico — está com seus dias contados”, justifica.

Além de desumana, a terceirização da própria saúde a médicos ou a planos de saúde pode ser uma medida extremamente cara para o paciente, defende Schestatsky. “O médico quer atender mais, porque quanto mais ele atende, mais ele ganha”, compara. “Quanto mais exames, procedimentos e cirurgias o médico pede, mais recebe. É um sistema de remuneração por volume, um pagamento por performance”.

Responsabilize-se por si mesmo

A indústria de alimentos ultraprocessados, a facilidade de medicamentos que prometem acabar com qualquer incômodo e promessas de resultados rápidos são vilões da saúde, mas o paciente não é uma vítima, segundo Schestatsky. “É preciso realmente ter um novo olhar. Não se pode querer resolver um problema criando outros”, afirma.

A “conveniência do atalho” é um dos grandes entraves para quem deseja ter controle sobre a própria saúde. De acordo com o especialista, a própria pandemia de Covid-19 mostrou a importância de se ter mais consciência sobre si mesmo.

“Foi preciso uma pandemia para que as pessoas acordassem. É preciso estar bem porque outras pandemias virão. É preciso estar com o organismo desinflamado e sem taxas altas de açúcar no sangue. Essas são as duas coisas que mais matam”, defende Pedro.

Prevenir é melhor do que remediar

Mais de 80% das doenças com altas taxas de morte são preveníveis, estima Schestatsky, desde que o indivíduo seja capaz de controlar o que ele chama de “quatro cavaleiros do apocalipse”: além dos já citados açúcar e organismo inflamado, há o excesso de radicais livres (espécie de lixo que se acumula no corpo quando se exercita pouco) e os ainda pouco conhecidos telômeros.

Os telômeros são as extremidades dos cromossomos e são responsáveis, a grosso modo, por proteger partes do DNA. À medida que envelhecemos, eles vão se reduzindo. Garantir que estas estruturas permaneçam longas por mais tempo tem sido uma forma de retardar o envelhecimento e pode ser uma forma de viver mais e melhor.

“Dependendo das escolhas do indivíduo, este encurtamento acontece mais rápido”, detalha o neurologista. Para manter a saúde dos telômeros, vale a receita já bem conhecida (e pouco seguida): exercícios físicos regulares e alimentação balanceada.

“O paciente tem que se dar conta de que vivemos em um mundo de abundância não só de comida, mas de estresse e de pessoas tóxicas. Se ele não mudar o ambiente dele, nada vai mudar”, conclui Schestatsky.

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