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Inédito: americano recebe transplante de face parcial e olho inteiro

Ex-militar sobreviveu a acidente de trabalho e foi o primeiro a ter um transplante de olho inteiro e de face parcial bem-sucedido do mundo

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Divulgação/NYU Langone Health
Fotos de arquivo mostram a jornada de recuperação de Aaron James, paciente que foi o primeiro a receber um transplante de olho inteiro e de face no mundo - Metrópoles
1 de 1 Fotos de arquivo mostram a jornada de recuperação de Aaron James, paciente que foi o primeiro a receber um transplante de olho inteiro e de face no mundo - Metrópoles - Foto: Divulgação/NYU Langone Health

Um time de médicos americanos anunciou, nesta quinta-feira (9/11), a realização do primeiro transplante de olho inteiro e de face parcial do mundo. O transplante de olho inteiro é uma grande inovação para a medicina e nunca tinha sido bem-sucedido. Em geral, transplantes do órgão se limitam à córnea.

A equipe cirúrgica da NYU Langone Health realizou o procedimento inédito em maio de 2023 em Aaron James, um veterano militar de 46 anos do Arkansas, no interior dos Estados Unidos. Ele trabalhava como gerente de segurança da instalação de fios de alta-tensão e sobreviveu a um acidente em 2021, quando um fio elétrico acabou tocando seu rosto.

“Estou muito grato pelo doador e sua família, que me deram uma segunda chance na vida. Também serei eternamente grato ao doutor Eduardo Rodriguez e sua equipe. Nossa esperança é que minha história possa servir de inspiração para aqueles que enfrentam graves problemas de lesões faciais e oculares”, celebrou James, durante uma coletiva de imprensa internacional.

Por conta do acidente de trabalho, ele perdeu o olho esquerdo, braço esquerdo, todo o nariz e lábios, dentes da frente, área da bochecha esquerda, partes do queixo e dos ossos da face.

Embora ainda não se saiba se ele recuperará a visão, o olho esquerdo está saudável, com irrigação sanguínea adequada da retina, que era uma das principais preocupações dos médicos que realizaram o procedimento. James ainda não consegue abrir o olho naturalmente, mas os médicos esperam que ele volte a enxergar.

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Uma cirurgia inédita

A cirurgia de transplante de olho e face foi feita em 27 de maio e durou aproximadamente 21 horas, contando com uma equipe de mais de 140 profissionais de saúde liderados pelo cirurgião Eduardo Rodriguez, diretor do programa de transplante de face da NYU Langone.

“O simples fato de termos alcançado o primeiro transplante bem-sucedido de olho inteiro é um marco, ainda mais pensando que muitos consideravam que não era possível fazê-lo”, afirma Rodríguez. “Demos um grande passo em frente e preparamos o caminho para o próximo capítulo: restaurar a visão.”

James ficou três meses na fila à espera de um doador compatível — que acabou sendo um homem americano de 30 anos. “Ele generosamente doou tecidos que levaram a este transplante facial e ocular bem-sucedido, mas também salvou outras três pessoas, com idades entre 20 e 70 anos, doando seus rins, fígado e pâncreas”, explica Leonard Achan, presidente da LiveOnNY, companhia de saúde de colaborou na realização do procedimento inédito.

Desafio do transplante de olho

Embora os transplantes de córnea tenham se tornado relativamente comuns, com cerca de 40 mil casos ao ano no Brasil, eles servem apenas para doenças que se formam nessa parte do olho. Os transplantes oculares completos para restaurar a visão são complicados devido à delicadeza da anatomia do olho e aos desafios associados à regeneração nervosa e o fluxo sanguíneo na retina, fundamentais para que se reestabeleça a visão.

Para evitar o risco de rejeição e aumentar as chances de retomar a visão, foi tomada a decisão de combinar o transplante de olho com células-tronco do doador, retiradas de sua medula óssea. As células foram injetadas no olho para ajudar na adaptação, buscando aumentar a regeneração dos nervos da região.

A vida pós-transplante

Após a cirurgia, James passou apenas 17 dias na UTI, uma das recuperações mais curtas entre os receptores de transplante facial. Ele recebeu alta em 6 de julho. A partir daí, ele continuou a reabilitação, incluindo terapia física, ocupacional e fonoaudiológica.

Em 14 de setembro, ele voltou para casa no Arkansas com sua esposa, Meagan, e sua filha, Allie. Ele vai a Nova York mensalmente para consultas de acompanhamento do transplante de olho.

“Quero agradecer à minha esposa e à minha filha: sem elas, eu não teria sobrevivido. Eu disse a Meagan que ela poderia ir se quisesse, mas ela nunca me abandonou. Elas não me deixaram e isso me deixa extremamente grato”, afirma o paciente.

“Tudo é diferente agora, não posso reclamar de nada. As pessoas me perguntam o que sinto e não poderia pedir por mais coisas boas na minha vida, mais apoio do que tive. Estou extremamente grato”, conclui.

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