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“Não vi os sinais”, diz viúvo que perdeu mulher para depressão pós-parto

História de Ariana Sutton viralizou após entrevista do viúvo sobre depressão pós-parto. Ela se matou nove dias após parto de filhos gêmeos

atualizado

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Reprodução/GoFoundMe
Ariana Sutton cometeu suicídio nove dias após o parto de seus filhos gêmeos, ocorrido em 22/5. A história dos sinais da depressão pós-parto dela se tornou um viral nos Estados Unidos após uma entrevista emocionada de seu viúvo, o policial Tyler Sutton, ao Today.
1 de 1 Ariana Sutton cometeu suicídio nove dias após o parto de seus filhos gêmeos, ocorrido em 22/5. A história dos sinais da depressão pós-parto dela se tornou um viral nos Estados Unidos após uma entrevista emocionada de seu viúvo, o policial Tyler Sutton, ao Today. - Foto: Reprodução/GoFoundMe

Ariana Sutton cometeu suicídio nove dias após o parto de seus filhos gêmeos, ocorrido em 22/5. O relato sobre a depressão pós-parto dela se tornou um viral nos Estados Unidos depois de uma entrevista emocionada de seu viúvo, o policial Tyler Sutton, ao jornal Today.

Em 2018, antes dos gêmeos, ela teve Melody e chegou a ser internada duas vezes por sintomas da depressão pós-parto. O casal já estava sendo acompanhado por psicólogos para evitar uma repetição do quadro.

Segundo Tyler, no entanto, os sinais da doença surgiram de forma inesperada. “Veio tão rápido e tão de repente”, disse ele ao portal americano. Os sintomas começaram logo após o parto pramaturo, quando os recém-nascidos Everly e Rowan foram levados para a UTI.

“Ela começou a falar sobre como os queria de volta em sua barriga. Eu falava eles vão ficar bem. Eles são saudáveis e têm uma grande equipe de pessoas cuidando deles o tempo todo, mas não consegui convencê-la”, disse Tyler, pai das crianças.

“Ser mãe era a coisa favorita de Ariana no mundo. E pensei que se ficasse vigilante, tudo ficaria bem na segunda vez.”

Apesar do acompanhamento com ginecologista e psicólogo e a atenção do marido, pouco mais de uma semana depois do parto, Ariana se matou. “Não havia sinais de que algo estava errado. Ela estava sempre brincando sobre seus tornozelos inchados e como mal podia esperar para beber uma grande xícara de café”, contou o viúvo.

Como ela via a depressão pós-parto

De acordo com Tyler, Ariana descreveu a depressão pós-parto da primeira gestação como uma pessoa pequena e invisível que gritava que ela era uma mãe ruim. Tyler disse que Ariana deixou um bilhete de suicídio para ele. “Na carta dela, ficou claro que ela estava deprimida. Ela disse que se sentia um fardo. Ela só precisava de ajuda. Eu gostaria que ela tivesse apenas esperado que eu chegasse em casa para que pudesse ajudá-la”, completou o policial.

Uma campanha no site internacional de financiamento coletivo GoFoundMe foi criada por amigos do casal para ajudar no sustento de Tyler e das três crianças. Até agora, foram arrecadados cerca de 350 mil dólares.

“Em memória de Ariana Sutton, vamos nos unir para honrar seu legado, celebrar seu amor por seus filhos e fornecer o apoio que sua família precisa desesperadamente. Sua generosidade fará uma profunda diferença na vida de Melody, Everly e Rowan, garantindo que eles cresçam sabendo que a memória de sua mãe é valorizada e que eles são acolhidos por uma comunidade que se preocupa profundamente com seu bem-estar”, diz o texto da campanha.

Reconhecendo os sinais

Quando Ariana teve depressão pós-parto após o nascimento de sua primeira filha, levou várias semanas para que os sintomas se desenvolvessem. Ela teve mania de limpeza e era muito preocupada com que toda a casa funcionasse bem.

Tyler tirou uma folga para tentar ajudar a esposa, mas ela interpretou aquilo como mais um sinal de sua incapacidade como mãe. Foram necessárias duas internações até encontrarem o medicamento correto e a dose que pudesse ajudar Ariana.

Ariana parou de tomar antidepressivos quando engravidou dos gêmeos. Tyler diz que ela se preocupou com a possibilidade de os medicamentos prejudicarem os fetos. Essa interrupção, entretanto, só pôde ser feita com orientação médica.

O fato de os sintomas de Ariana terem surgido tão rapidamente com os gêmeos, segundo os médicos ouvidos pelo Today, pode indicar psicose pós-parto, uma doença que afeta uma em cada mil novas mães.

“É uma doença mais comumente associada ao suicídio e ao infanticídio”, disse Rebecca Brent, psicóloga clínica do Programa de Saúde Comportamental Feminina da Allegheny Health Networks.

Entre os sintomas, está o pensamento desordenado, a suspensão do sono e a manifestação de alucinações. “Uma mãe pode acreditar que ainda está grávida, mesmo duas semanas após o parto, e você não pode convencê-la do contrário”, explica Brent.

Busque ajuda

O Metrópoles tem a política de publicar informações sobre casos de suicídio ou tentativas que ocorrem em locais públicos ou causam mobilização social. Isso porque é um tema debatido com muito cuidado pelas pessoas em geral. O silêncio, porém, camufla outro problema: a falta de conhecimento sobre o que, de fato, leva essas pessoas a se matarem.

Depressão, esquizofrenia e o uso de drogas ilícitas são os principais males identificados pelos médicos em um potencial suicida. Problemas que poderiam ser tratados e evitados em 90% dos casos, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria.

O que fazer?

Está passando por um período difícil? O Centro de Valorização da Vida (CVV) pode te ajudar. A organização atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail, chat e Skype 24 horas todos os dias.

O Núcleo de Saúde Mental (Nusam) do Samu também é responsável por atender demandas relacionadas a transtornos psicológicos. O Núcleo atua tanto de forma presencial, atendendo em ambulância, como a distância, por telefone, na Central de Regulação Médica 192.

Disque 188

A cada mês, em média, mil pessoas procuram ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). São 33 casos por dia, ou mais de um por hora. Se não for tratada, a depressão pode levar a atitudes extremas.

Hoje, o CVV é um dos poucos serviços em Brasília em que se pode encontrar ajuda de graça. Cerca de 50 voluntários atendem 24 horas por dia a quem precisa.

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