Os próximos 15 dias serão muito importantes para definir o futuro da pandemia de Covid-19 no Brasil. Apesar do Carnaval 2022 não estar sendo de aglomerações em espaços públicos, muitas pessoas estão aproveitando o feriado em festas particulares ou viajaram para outras cidades.
O saldo de casos que surgirá daí será um dos principais indicadores para definir se a Covid passará para o estágio de endemia no país.
O Ministério da Saúde admite que se prepara para avaliar o assunto nos próximos dias. Em entrevista publicada pelo Metrópoles, a secretária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, afirmou que a discussão será iniciada com os secretários estaduais e municipais de saúde e com quadros técnicos da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) nas próximas semanas.
A mudança no status de pandemia para endemia vem ocorrendo em alguns países da Europa, como a Dinamarca e o Reino Unido. Na prática, o rebaixamento de pandemia para endemia significa que o vírus Sars-CoV-2 será considerado como uma ameaça manejável – capaz de ser gerenciada pelo sistema de saúde brasileiro.
Caso ocorra, a alteração de pandemia para endemia permitirá o fim de medidas restritivas, como a obrigatoriedade de apresentação de teste negativo de Covid para entrada no país, a exigência do uso de máscaras de proteção facial e a proibição para a realização de grandes eventos.
Janela de oportunidade
Especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmam que o Brasil tem uma “janela de oportunidade” para controlar o vírus e, dessa maneira, passar para o estado de endemia. O avanço da campanha de vacinação e a imunidade adquirida pela recente onda de Ômicron resultam em uma menor circulação do vírus nos próximos meses.
Entretanto, existe o temor que após o feriado de Carnaval o número de novos casos volte a subir, assim como ocorreu após as festas de fim de ano, quando um novo pico de infecções foi verificado a partir da segunda semana de janeiro.
“Nós acabamos de testemunhar um grande aumento de número de casos e óbitos em janeiro, que tem em suas raízes a entrada da Ômicron e a dinâmica das festas de fim de ano, onde houve muita aglomeração e as pessoas relaxaram. A tendência é isso se repetir”, alerta o sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Claudio Maierovitch.
Na última edição do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgada na quinta-feira (24/2), os pesquisadores sugeriram uma forte adesão às medidas de proteção para que a “janela de oportunidade” seja mantida.
“Assim como em outros países, que estão em estágios mais avançados em relação à evolução da pandemia, é necessário manter, por mais algumas semanas, as medidas de proteção, evitar aglomerações, ambientes fechados e mal ventilados, usar máscaras e ter cuidados de higiene redobrados”, afirmaram.
Na próxima sexta-feira, três dias depois do fim do Carnaval, a procura por exames de Covid será um dos termômetros do que teremos pela frente.

Uma das estratégias de enfrentamento da pandemia de Covid-19 é a vigilância epidemiológica, com o registro e a observação sistemática de casos suspeitos ou confirmados da doença, a partir da realização de testesGetty Images

Segundo especialistas, para se ter um controle da doença e conter a disseminação do vírus, é importante testar, cada vez mais, a populaçãoAline Massuca/Metrópoles

Secretaria de Saúde diz que não faltam testes de Covid-19 no DFBreno Esaki/Agência Saúde-DF

RT PCR: considerado “padrão-ouro” pela alta sensibilidade, o teste é usado para o diagnóstico da Covid-19. Ele detecta a carga viral até o 12º dia de sintomas do paciente, quando o vírus ainda está ativo no organismo. O resultado é entregue em, aproximadamente, três diasVinícius Schmidt/Metrópoles

O teste utiliza a biologia molecular para detectar o vírus Sars-CoV-2 na secreção respiratória, por meio de uma amostra obtida por swab (cotonete)Rafaela Felicciano/Metrópoles

Teste salivar por RT-PCR: utiliza a mesma metodologia do RT-PCR de swab e conta com precisão de mais de 90% para o diagnóstico da doença ativa. O procedimento deve ser feito nos sete primeiros dias da doença em pacientes com sintomas Divulgação

PCR Lamp ou Teste de antígeno: comumente encontrado em farmácias, o exame avalia a presença do vírus ativo coletando a secreção do nariz por meio de swab. O resultado leva apenas 30 minutos para ficar pronto, por isso, ele é indicado para situações em que o diagnóstico precisa ser rápidoGetty Images

De acordo com a empresa que fornece o exame, ele possui 80% de confiança. O método empregado no teste é usado também para outras doenças infecciosas, como a H1N1RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

Teste de sorologia: revela se o paciente teve contato com o coronavírus no passado. Ele detecta a presença de anticorpos IgM, IGg ou IgA separadamente, criados pelo organismo das pessoas infectadas para combater o Sars-CoV-2, a partir de um exame de coleta de sangueShutterstock / SoonThorn Wongsaita

O exame deve ser realizado a partir do 10º dia de sintomas. A precisão do resultado é menor do que nos testes do tipo RT-PCR. Além disso, falsos negativos podem aparecer com mais frequênciaNational Cancer Institute/Divulgação

Teste rápido: o método é semelhante aos testes de controle de diabetes, com um furo no dedo. A amostra de sangue é colocada em um reagente que apresenta o resultado rapidamenteRafaela Felicciano/Metrópoles

O teste imunológico rápido detecta a presença de anticorpos e o resultado positivo sinaliza que o paciente já sofreu a infecção pelo novo coronavírus. A confiabilidade do resultado varia muito, já que o método apresenta alta taxa de falso negativoVinícius Schmidt/Metrópoles

Teste de anticorpos totais: detecta a produção do IgM e IgG no organismo, a partir de um único exame de coleta de sangue, e não faz a distinção dos valores presentes de cada anticorpo. A precisão do resultado chega a 95% iStock

Teste de anticorpo neutralizante: o procedimento é indicado para a avaliação imunológica. O exame detecta os anticorpos e vê a proporção que bloqueia a ligação do vírus com o receptor da célulasDivulgação