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Brasil faz 32 mil testes de Covid-19 por dia, mas quantidade ainda é baixa

Segundo o site Worldometers, o país é o 86º no ranking que mede exames por milhão de habitantes

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
TCU Teste para novo coronavírus
1 de 1 TCU Teste para novo coronavírus - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Desde o começo da pandemia de Covid-19, uma das principais recomendações das autoridades sanitárias foi clara: “testar testar, testar”. O objetivo era detectar a real situação da infecção na população, porém, com o passar dos meses e com a chegada do coronavírus em praticamente todos os municípios do Brasil, o país ainda não consegue detectar com fidelidade onde está o vírus.  A quantidade de exames realizados aumentou, mas ainda está longe de ser suficiente.

Segundo o Ministério da Saúde, em agosto foram feitos 1.066.989 exames, um aumento de 28,2% em relação ao mês anterior. Até o último sábado (12/9), em setembro, foram computados 365.946 testes.

Foi necessário aprimorar os laboratórios públicos para expandir a capacidade de testagem do país, já que o sistema não estava preparado para a nova demanda. O ministério também incluiu, recentemente, plataformas de alta testagem na Fiocruz do Rio de Janeiro e na do Ceará, no Instituto de Biologia Molecular do Paraná e na Rede Dasa (SP) a fim de garantir o processamento das amostras.

O secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Correia, afirma que são feitos 32 mil exames por dia. No total, 14,1 milhões de testes, entre sorológicos e RT-PCR, foram executados no Brasil. O Ministério da Saúde planeja, em pouco mais de um mês, expandir a capacidade para 115 mil testes diários.

Mas, apesar do aumento, o número ainda é bastante baixo. Segundo o site Worldometers, um dos portais mais confiáveis em compilações de dados sobre a Covid-19, apesar de ser o terceiro país com mais casos, somos o 86º em número de testes a cada milhão de habitantes.

A plataforma, que considera 14.617.980 testes feitos no Brasil até o momento, dá conta de 68.666 testes a cada milhão de habitantes. Os Estados Unidos, que têm uma população de 331,4 milhões, fazem 288.781 testes a cada milhão de pessoas. A Rússia, que tem 145,9 milhões de indivíduos, faz 287.774 para a mesma amostra.

“Em número absoluto, parece ser um número alto de testes. Porém, ainda se testa muito pouco no Brasil, se considerarmos a extensão do país e a população”, explica Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia. Por isso, a situação pode não estar sendo acompanhada de forma fiel.

O professor Jonas Lotufo Brant de Carvalho, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), ensina que o Brasil tem como desafio testar mais. “Ainda não temos o suficiente para testar os casos suspeitos e os possíveis contatos de risco. Precisamos conhecer a cadeia de transmissão da doença e cortá-la”, afirma. No momento, com muitos casos e poucos exames, é impossível saber a origem da infecção e controlar o foco.

Em outros países que estão vendo o surgimento de novos surtos, a testagem eficiente, que mostra exatamente quem foi exposto e como aconteceu o contágio, possibilita que a ação de isolamento seja direcionada corretamente.

Como está a curva

O governo considera que a curva epidemiológica do país tem fortes indícios de queda, depois de registrar uma baixa de 30% nos novos casos na semana do feriado de 7 de Setembro. Porém, de acordo com informações levantadas pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, foi registrado um aumento de 12,5% na última semana.

Segundo o Imperial College, de Londres, a taxa de transmissão no país está caindo para níveis semelhantes às do mês de maio. Mas, para Leonardo, a falta de respeito às recomendações que visam reduzir a velocidade de propagação do vírus torna a probabilidade de transmissão alta ainda. “Há aglomerações e muita gente insistindo em não usar máscara corretamente o tempo todo. É preciso avaliar com muita cautela os dados divulgados. Não se pode cantar vitória antes da hora”, afirma.

Jonas, em contrapartida, acredita que há uma baixa nos novos casos justamente pela adoção das medidas, em conjunto com o grande número de pessoas já imunizadas. Porém, ele explica que a pandemia não acabou e é necessário usar o respiro para fortalecer a vigilância epidemiológica e a atenção primária e evitar novos surtos e ondas no futuro.

“Antes que a população desista completamente dos hábitos, e que a imunidade volte a cair, precisamos nos organizar. O posto de saúde e o agente comunitário precisam se mobilizar para identificar, isolar e conter a epidemia. A vigilância sanitária precisa fiscalizar os ambientes na escala adequada, e precisamos cortar a cadeia de transmissão”, afirma.

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