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Associação de Saúde Coletiva: “O plano de imunização é um avanço grande”

Apesar disso, vice-presidente da entidade critica vários pontos do documento e alerta para falta de detalhamento sobre grupos prioritários

atualizado

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Vacina Covid-19 coronavírus
1 de 1 Vacina Covid-19 coronavírus - Foto: Pixabay

Segundo o vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Reinaldo Guimarães, o plano de imunização divulgado nesta quarta (16/12) pelo Governo Federal é um “avanço grande” em relação ao que se tinha até então. “O que tínhamos antes era um plano que não era plano, algo absolutamente tosco, sem pé nem cabeça”, afirma.

Guimarães explica que, apesar de o documento do governo ser bastante detalhado, ainda apresenta muitos problemas. O maior deles é que ainda não há vacina. “O plano tem algumas dificuldades, a despeito de ser um avanço. O primeiro deles é que continua se contando apenas com a vacina de Oxford e as doses da iniciativa Covax”, diz.

Para o vice-presidente da Abrasco, o governo deveria colocar a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, precisava ser colocada em uma posição de maior destaque, além do memorando de entendimento, que é apenas uma manifestação de interesse de adquirir as doses do imunizante.

“O Butantan fornece vacinas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) há muitos anos, mas sinto um pé atrás. Quando se coloca a Coronavac no mesmo patamar da Pfizer, Jannsen e Moderna, é um resto de politização que espero que desapareça o mais rápido possível”, afirma.

Grupos prioritários

Guimarães critica que o plano pretende imunizar apenas indígenas aldeados em terras demarcadas. Segundo ele, deveria incluir ainda qualquer pessoa que esteja dentro da faixa etária, já que há situações onde não estão aldeados e porém possuem trânsito intenso com outros indígenas.

Outro problema é sobre como identificar as pessoas com comorbidades na hora da vacinação. “Uma pessoa com diabetes não tem a doença escrita da testa. Não está dito como a pessoa que chega no posto se declara portador de comorbidade. Do meu ponto de vista, bastaria uma auto declaração, mas não está escrito. Podem até exigir atestado médico, o que eu considero extremado e algo que pode prejudicar a vacinação”, afirma.

Doses de reserva

O vice-presidente da Abrasco explica que, quando se organiza uma campanha de vacinação, é preciso considerar um número maior de doses do que o necessário para considerar as perdas. As vacinas podem cair no chão e se quebrar, ou estragar caso a cadeia de frio seja rompida. Normalmente, se calcula entre 10% e 20% do total necessário. O plano do governo coloca 5%.

“É pouco. Temos vacinas com vários tipos de frio, sendo que duas precisam de refrigeradores de ultrafrio, o que faz com que o rompimento da cadeia seja uma ameaça ainda maior”, diz. Se houver perda além do previsto pelo governo, pode faltar vacina para os grupos prioritários.

Comunicação

O plano do governo lista, entre as ações programadas, uma campanha para comunicar a população sobre a importância da vacinação e detalhes sobre os imunizantes contra a Covid-19. Porém, não lista quanto será investido neste ponto.

“Pode não parecer, mas é algo essencial. O Zé Gotinha, da pólio, talvez tenha sido a melhor campanha de vacinação que já fizemos. Se as pessoas não forem bombardeadas com informação, muitas não vão se vacinar. É preciso reforçar a ideia de uma comunicação maciça sobre a vacinação”, afirma Guimarães.

Em uma questão mais pontual quando ao documento, o vice da Abrasco reclama de uma das frases usadas, que garante que é “o Governo Federal cuidando dos brasileiros”. “É um absurdo. Essa campanha é do SUS, que é tripartite e formado pelos governos municipal, estadual e federal”, critica.

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