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Receita mapeia revendas do PCC que giraram R$ 732 mi com bens de luxo

Levantamento feito pela Receita Federal mostra que membros do PCC usavam carrões e helicópteros mantidos em nome das empresas

atualizado

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Divulgação/Receita Federal
Carros da Receita Federal parados em frente a concessionária de veículos de luxo - Metrópoles
1 de 1 Carros da Receita Federal parados em frente a concessionária de veículos de luxo - Metrópoles - Foto: Divulgação/Receita Federal

São Paulo — A Receita Federal identificou um conjunto intrincado de empresas e pessoas físicas usadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para disfarçar a propriedade de veículos e imóveis de luxo adquiridos por meio da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e de outras atividades criminosas.

Entre elas, há concessionárias que não transferem os registros dos carros, alguns avaliados em mais de R$ 1 milhão, como uma Ferrari, para os nomes dos membros da facção que circulavam com os veículos.

Segundo a Receita, os alvos fiscalizados detêm, juntos, patrimônio total declarado de R$ 148 milhões e movimentaram, entre 2020 e 2022, mais R$ 732 milhões em suas contas correntes. Os nomes das revendas não foram divulgados.

A investigação da Receita é uma das frentes que desencadeou na Operação Fim da Linha, deflagrada pelo Ministério Público (MPSP) nesta terça-feira (9/4), que levou à prisão de dirigentes de empresas de ônibus da capital paulista e à intervenção da Prefeitura nas viações Transwolff e UpBus, por suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro do PCC.

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Lavagem de dinheiro

Márcia Cecília Meng, superintendente da Receita Federal de São Paulo, explicou que parte do dinheiro “branqueado” nas empresas de ônibus era investido em dezenas de operações de compra e venda de bens de luxo, entre eles imóveis e carros.

Ela afirmou que “há casos concretos” de revendedoras de veículos de luxo, na capital paulista, que davam os carros para serem usados pelos suspeitos, mas cujas propriedades “nunca eram transferidas formalmente”. Ou seja, oficialmente, os carros seguiam sendo da revendedora, mas eram usados por terceiros.

“Fica claro para a gente que há minimamente uma preferência por esses clientes [do crime organizado] e que isso precisa ser melhor investigado. Isso não é uma atitude normal. Um ser humano normal talvez não recebesse uma Ferrari em consignação para andar pelo mundo sem, de fato, ter comprado aquele veiculo. A investigação vai progredir de olho nisso”.

Ela acrescentou ainda que as ações do bando não se valem da clássica figura do “laranja”, mas de uma “complexa rede de holdings”, com empresas usadas para conseguir disfarçar a titularidade da propriedade do bem.

“A rede de empresas são interligadas e possui na titularidade pessoas de confiança ou ocultadores profissionais de capital. Neste caso, precisa se desligar da figura do mero laranja, não é a situação aqui. Nenhum envolvido é pessoa sem poder aquisitivo extremamente elevado. São profissionais dessas e outras irregularidades”.

Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, responsável pelas investigações, até o momento o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) identificou 29 alvos.

Três dirigentes presos

A Operação Fim da Linha, deflagrada nesta terça-feira pelo MPSP, investiga o crime de lavagem de dinheiro para o PCC por meio das empresas de ônibus.

De quatro mandados de prisão, três foram cumpridos: um deles contra Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o Pandora, dono da Transwolff, outro contra Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da mesma empresa, que opera na zona sul da capital, e um terceiro contra Joelson Santos da Silva, também sócio da viação e representante de um escritório de contabilidade.

O quarto mandado foi expedido em nome de Silvio Luís Ferreira, o Cebola, sócio da UpBus. Ele estava foragido até a tarde desta terça-feira.

Segundo o MPSP, também foi preso, em flagrante, Elio Rodrigues dos Santos, por porte de arma de fogo. Ele é funcionário de uma das empresas investigadas e não era alvo da operação. Outras duas pessoas foram detidas em flagrante, mas os nomes não foram divulgados.

A Justiça de São Paulo determinou ainda que a SPTrans, estatal de transporte coletivo da capital, assuma imediatamente a operação das linhas administradas pelas empresas Transwolff, que atua na zona sul, e da UpBus, que administra linhas na zona leste.

As duas empresas de ônibus transportam diariamente cerca de 700 mil passageiros e receberam mais de R$ 800 milhões em repasses de subsídio da Prefeitura de São Paulo em 2023.

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