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Empresário que atropelou com Porsche deu 3 versões sobre uso de álcool

Empresário disse ter bebido “copo de cerveja”, depois “3 latas” e, por fim, afirmou não ter bebido; ele dirigia Porsche que atropelou mulher

atualizado

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Carro branco estacionado em avenida, à noite - Metrópoles
1 de 1 Carro branco estacionado em avenida, à noite - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — O motorista do Porsche que atropelou a auxiliar de limpeza Simone Ferreira, de 51 anos, no início de 2023, apresentou três versões sobre ter bebido antes de dirigir, ao longo do inquérito policial instaurado pelo 30° Distrito Policial do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. A vítima morreu de politraumatismo e teve o braço amputado no acidente.

O atropelamento aconteceu em janeiro do ano passado. O empresário Fabio da Silva Oliveira relatou aos policiais militares que estava em um semáforo fechado e, quando abriu, dirigiu por cerca de 50 metros, atingindo uma velocidade de “no máximo 50 km/h”. De repente, segundo ele, viu um “vulto” passar ao lado direito do carro, seguido de um impacto, conforme o boletim de ocorrência.

Ainda de acordo com o registro policial, Fabio se recusou a fazer teste de bafômetro, mas afirmou ter ingerido um copo de cerveja na tarde daquela quarta-feira. Segundo os PMs, o empresário não apresentava sinais de embriaguez.

Durante o exame do Instituto Médico Legal (IML), feito já na madrugada do dia seguinte, o empresário não permitiu a coleta de sangue – que poderia verificar a presença de álcool na corrente sanguínea – e se recusou a tirar a roupa para o exame físico, procedimento necessário para a perícia. No instituto, ele mudou a versão inicial e afirmou ter bebido “três latas médias de cerveja cerca de cinco horas antes da ocorrência”, segundo o laudo.

A conclusão do exame indicou “não haver elementos que permitam afirmar sequer que o periciado [Fabio] esteja alcoolizado” durante a avaliação. A perícia concluiu que o empresário não estava embriagado.

Quase três meses depois, no dia 10 de abril, Fabio compareceu à delegacia para prestar depoimento, acompanhado de seu advogado. Nessa ocasião, a versão mudou novamente. O empresário afirmou que, no dia do acidente, estava trabalhando e não bebeu.

Em seguida, repetiu o que já havia apresentado sobre o semáforo, e acrescentou que a vítima “saiu por detrás das árvores de um jardim existente no local, vindo correr em direção à pista, em local de pouca iluminação”, conforme o documento policial, obtido pelo Metrópoles.

Atropelamento

No dia 18 de janeiro de 2023, o empresário Fabio da Silva Oliveira, dirigia um Porsche 911 Carrera, ao lado da namorada, na Avenida Senador Abel Ferreira, no bairro Vila Regente Feijó. Ele tinha 38 anos na época. Segundo o boletim de ocorrência, às 22h22, Fabio atropelou a auxiliar de limpeza Simone Ferreira, de 51 anos.

A mulher foi socorrida no Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio, no Tatuapé, mas não resistiu aos ferimentos.

O empresário estacionou o Porsche em uma rua próxima. Quando desceu, viu que havia atropelado uma mulher. Ele solicitou socorro e acionou uma viatura da Polícia Militar (PM) que passava pelo local, segundo a versão dos policiais.

Sem testemunhas

Somente quase um mês após o acidente, a pedido da defesa da família de Simone, a Polícia Civil solicitou imagens de câmeras de monitoramento para a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e para uma loja próxima ao local do atropelamento.

A CET respondeu que não dispunha de imagens de monitoramento de trânsito do local ou próximo dele, nem foram registradas imagens ou passagens do Porsche em equipamentos instalados nas proximidades.

Já a loja informou que as imagens se perdem no sistema de gravação, “devido a capacidade do HD”, que armazena os arquivos por 15 dias — a solicitação foi realizada pela polícia 27 dias depois do acidente.

Ao Metrópoles, a advogada Milca Carvalho, que representa a vítima, afirmou que a polícia não fez “o básico” na investigação. “Por algum motivo, não fizeram a diligência necessária para esse caso, tanto que o carro do Fabio não foi periciado, o Fabio não fez o teste do bafômetro e foi liberado. A polícia não vasculhou o local logo em seguida [ao atropelamento], nada disso foi feito”, disse.

O advogado Ricardo Martins, que defende o empresário, alega que a vítima atravessou fora da faixa de pedestres e que o local do acidente era pouco iluminado. “O Fábio esteve presente a todo momento e foi comprovado que não havia ingerido bebida alcoólica. A própria polícia pediu para tirar o carro do local”, disse ao Metrópoles.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, em nota, que o inquérito policial foi relatado à Justiça em abril de 2023. “Posteriormente, a ocorrência foi devolvida à unidade para cumprimento de cota, as quais foram concluídas no mesmo mês, sendo então remetida novamente ao Poder Judiciário”, disse a pasta.

O Metrópoles teve acesso ao inquérito policial e constatou que, após a equipe de investigação retornar a ocorrência, houve novamente devoluções do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e da Justiça, para que se recolhesse mais evidências do caso, como a identificação de uma possível testemunha e análise de vídeos coletados pela defesa da vítima. O caso retornou à delegacia pela última vez ainda em fevereiro deste ano.

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