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Menina de 15 anos é suspeita de incentivar autor de ataque a escola

Polícia identifica suspeitos que teriam usado grupo no Discord para incentivar e instruir adolescente a realizar ataque a escola em SP

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Hugo Barreto/Metrópoles
Imagem colorida de pessoa com blusa preta com capuz escrevendo em notebook - metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de pessoa com blusa preta com capuz escrevendo em notebook - metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

São Paulo — Uma adolescente de 15 anos é apontada pela polícia como a principal responsável por incentivar pela internet o autor do ataque a tiros contra a Escola Estadual Sapopemba, na zona leste de São Paulo, a cometer o atentado que matou uma aluna e feriu duas estudantes na manhã do dia 23/10.

Segundo as investigações, a menina trocou mensagens com o aluno de 16 anos por meio da plataforma Discord, horas antes de ele entrar armado no colégio e matar a colega Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, com um tiro na nunca à queima-roupa. Ele usou a arma do pai, um revólver calibre 38, e foi apreendido.

Ela integra um grupo de jovens já identificado pela Polícia Civil de São Paulo e pelo Laboratório de Crimes Cibernéticos do Ministério da Justiça que participava do servidor do Discord – plataforma em que o autor do ataque compartilhou seu plano e foi incentivado e instruído a executá-lo por esses integrantes. A maioria é menor de idade e, até momento, nenhum dos identificados mora em São Paulo.

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Conforme o Metrópoles revelou no último sábado (28/10), na véspera do ataque, o adolescente enviou fotos da sala de aula e das escadas do colégio e pediu ajuda para definir a melhor estratégia para praticar o atentado. Ele recebeu instruções dos membros do grupo do Discord e prometeu fazer uma transmissão ao vivo do ataque, o que acabou não ocorrendo.

De acordo com as investigações, a adolescente de 15 anos suspeita de incentivar o ataque é conhecida nas chamadas “panelas” de Discord, como são intitulados os grupos fechados. Neles, são comuns sessões de automutilação, sacrifício de animais e tortura virtual, como mostrou o Metrópoles em maio.

O trabalho de identificação dos suspeitos esbarra nas ferramentas usadas para despistar a polícia. Boa parte dos membros do grupo usava VPN (rede privada virtual) para acessar as conversas com IP (protocolo de rede) de outros estados.

As mensagens do grupo do Discord em que o ataque foi discutido mostram que, horas após o atentado, os integrantes falaram em formatar o celular, desativar a conta da plataforma e a localização do aparelho. Antes disso, alguns lamentaram o saldo de mortos no atentado. “Uma morte cara, q cara merda [sic]”, reclamou um dos administradores do grupo.

Os diálogos mostram ainda que, enquanto alguns participantes disseram não ter envolvimento no ataque porque o estudante de 16 anos “entrou no server já com o objetivo de cometer o crime”, outros admitiram que o incentivaram. “Fiz ele fazer este massacre”, escreveu um deles.

A polícia trabalha com duas hipóteses principais para pedir o indiciamento dos suspeitos: organização criminosa, se ficar comprovada a participação nos episódios de violência cibernética que acontecem nos grupos; e homicídio, caso seja comprovada a influência direta sobre o autor do ataque que matou a adolescente Giovanna.

Discord bane grupos

Na segunda-feira (30/10), o Discord informou que excluiu o grupo em que o autor do ataque à Escola Estadual Sapopemba planejou o crime e recebeu instruções sobre o atentado. Segundo a plataforma, os integrantes promoviam a “glorificação de agressões físicas e sexuais”.

O Discord informou que grupos com conteúdo semelhante também foram excluídos, sem especificar quais. “Excluímos a conta do usuário, excluímos o servidor onde a conversa aconteceu, removemos o conteúdo relacionado e banimos ou avisamos outras contas envolvidas”, disse, em nota. “Continuamos a colaborar com as autoridades policiais, incluindo o compartilhamento de informações sobre contas associadas que ameaçam ou glorificam a violência”, completou.

A plataforma também enviou aos membros dos grupos um alerta sobre os atos de violência praticados nos servidores. “Sua conta está recebendo esta mensagem por participar de um servidor que viola nossas diretrizes da comunidade. Especificamente, [nome do grupo] permite ou encoraja conteúdos que glorificam, promovem ou pedem por agressões físicas ou sexuais contra um indivíduo ou uma comunidade”, diz o texto.

O Metrópoles decidiu não divulgar o nome do grupo no Discord do qual o adolescente fazia parte, nem os apelidos usados pelos integrantes, porque, como mostram as próprias mensagens, o objetivo deles é, justamente, obter fama e prestígio no submundo da internet por meio dos atos de violência que praticam ou estimulam dentro e fora da plataforma.

Ameaça não detectada

Na nota, o Discord diz que não recebeu denúncias sobre as trocas de mensagens que planejavam o atentado em São Paulo, por isso não pôde intervir. A plataforma afirma ter tomado iniciativa assim que teve conhecimento do caso.

“Não recebemos nenhuma denúncia de usuário ou informação de inteligência antes da ocorrência do incidente. Assim que nossa equipe de segurança tomou conhecimento da situação e obteve informações acionáveis, investigamos imediatamente e agimos em 20 minutos. Excluímos a conta do usuário, excluímos o servidor onde a conversa aconteceu, removemos o conteúdo relacionado e banimos ou avisamos outras contas envolvidas”, afirma o Discord.

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