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Furto de armas: Exército expõe falhas e vai rever esquema de segurança

Ladrões trocaram cadeado e lacre do local onde armas do Exército estavam guardadas; furto só foi percebido um mês depois

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Arma ponto cinquenta .50 forças armadas
1 de 1 Arma ponto cinquenta .50 forças armadas - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

São Paulo – O Comando Militar do Sudeste vai rever o esquema de segurança após o furto de 21 armas, entre elas 13 metralhadoras calibre ponto 50, capazes de derrubar aeronaves, no Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, na Grande São Paulo.

As metralhadoras desviadas pelos criminosos estavam em um local chamado de Reserva de Armamento, destinado a equipamentos que vão ser destruídos, segundo o Exército. Diariamente, militares responsáveis pela fiscalização do arsenal conferem o cadeado e o lacre do espaço – mas não fazem a contagem das armas.

Nessa quinta-feira (19/10), oito das 21 metralhadoras foram recuperadas pela polícia no Rio de Janeiro, onde elas foram negociadas com traficantes. Segundo o Exército, o comandante do Arsenal de Guerra será exonerado por causa do episódio.

Pelas regras do Exército, nenhuma arma pode ser retirada da Reserva de Armamento ou sair do quartel sem autorização. Segundo a instituição, a última movimentação no local foi registrada no início de setembro. No dia 5, militares retiraram algumas armas de lá para usá-las em exercícios de instrução de soldados. Elas foram devolvidas no dia seguinte.

É por esse motivo que o Comando Militar do Sudeste acredita que o furto das metralhadoras aconteceu a partir do dia 6 de setembro. A data exata do crime, no entanto, continua incerta e ainda não há certeza se todas as metralhadoras foram furtadas de uma vez ou aos poucos.

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Protocolos

O desfalque no Arsenal de Guerra só foi percebido em 10 de outubro, mais de um mês depois da última movimentação oficial, e revelado pelo Metrópoles. Na ocasião, militares do Arsenal de Guerra perceberam que havia sinais de arrombamento na Reserva de Armamento.

Para enganar a fiscalização por tanto tempo, os ladrões tinham trocado o cadeado e o lacre do espaço. “Esses procedimentos estão sendo revistos”, afirmou o general de Brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste.

Para entender a dinâmica do furto, a investigação analisa croquis e imagens de câmeras de segurança do quartel. Até o momento, embora o Exército tenha identificado militares suspeitos de facilitar o furto, ninguém foi preso.

As metralhadoras furtadas — 13 calibre ponto 50 e oito calibre 7,62 — pertenciam originalmente a diversos quartéis de São Paulo. Uma das funções do Arsenal de Guerra é decidir se vale a pena fazer manutenção de algumas armas.

Elas tinham sido consideradas “inservíveis” pela unidade – ou seja, a despesa já não justificava seu uso – e, por isso, estavam guardadas na Reserva de Armamento. De lá, iriam ser destruídas.

 

Suspeitos

O Comando do Sudeste já identificou três militares que participaram do furto das metralhadoras. Já o número de investigados pelo episódio passa de “dezenas” e inclui civis e oficiais do Exército, de acordo com o general Maurício Vieira Gama.

Os envolvidos podem ser punidos de duas formas. Caso comprovado o envolvimento no furto, deve responder criminalmente. Em paralelo, o inquérito investiga possíveis infrações disciplinares, como, por exemplo, falhas nos procedimentos de fiscalização.

De acordo com o general, os militares temporários serão expulsos da tropa. Já os militares de carreira serão apresentados a conselhos e também poderão ser expulsos.

Por causa do desvio das armas, cerca de 480 militares ficaram aquartelados para investigação interna desde o último dia 11. O isolamento contribuiu para que o comando conseguisse ouvir depoimentos e afunilar o número de possíveis envolvidos no crime.

A maioria da tropa foi liberada na terça-feira (17/10). Em estado de “sobreaviso”, cerca de 160 militares permanecem retidos no quartel.

Parte do armamento furtado é capaz de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem e atingir alvos a uma distância de até 2 quilômetros. Vídeo (veja acima) mostra metralhadora ponto 50 em uso.

Maior desvio desde 2009

Levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que o furto das armas no Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, foi o maior desvio de armas registrado pelas Forças Armadas desde 2009. Naquele ano, sete fuzis foram levados do 6º Batalhão de Infantaria Leve, em Caçapava, no interior paulista. Os armamentos foram recuperados depois.

O levantamento também mostra que 27 armas do Exército Brasileiro foram desviadas, ao todo, no período entre 2015 e 2020. Nesse recorte temporal, o Amazonas é o estado com o maior sumiço (10 armas), seguido do Rio de Janeiro (cinco) e de Roraima (três).

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