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Furto de armas do Exército: sem presos, investigação completa um mês

Um mês após abertura de inquérito policial militar, nenhum envolvido foi preso; até agora, 19 das 21 metralhadoras foram recuperadas

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foto colorida da fachada do Arsenal de Guerra de São Paulo, de onde 21 metralhadoras foram furtadas - Metrópoles
1 de 1 foto colorida da fachada do Arsenal de Guerra de São Paulo, de onde 21 metralhadoras foram furtadas - Metrópoles - Foto: Reprodução

São Paulo — Um mês após o Exército ter descoberto o furto de 21 metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri, na região metropolitana, nenhum suspeito de participação no crime — civil ou militar — foi preso. Além disso, as duas últimas armas ainda não foram recuperadas pela polícia.

O desvio do armamento de guerra ocorreu, segundo as investigações, entre os dias 5 e 8 de setembro, mas só foi percebido mais de um mês depois, no dia 10 de outubro, durante uma inspeção no quartel. Um inquérito policial militar foi instaurado para apurar as circunstâncias do crime. Três dias depois, o caso veio a público em reportagem do Metrópoles e ganhou repercussão nacional.

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O Comando Militar do Sudeste  admitiu, desde o início, a possibilidade de envolvimento de militares no caso. Eles teriam atuado no sentido de facilitar a retirada das armas do quartel. Foram 13 metralhadoras calibre .50, que podem derrubar aeronaves, e oito calibre 7.62, que perfuram veículos blindados.

Para apurar a eventual participação dos militares, o Exército determinou, no dia 14 de outubro, o aquartelamento de toda a tropa no Arsenal de Guerra, cerca de 480 homens. No dia 17, a maior parte deles foi liberada, mas 160 homens continuaram no quartel.

No decorrer das investigações, o cabo do Exército Vagner da Silva Tandu, de 23 anos, foi apontado como um dos militares com participação direta no furto. Ele era motorista e tinha a confiança do então diretor do Arsenal, tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista. Tandu teria sido a pessoa que usou um carro oficial para retirar do quartel as metralhadoras sem levantar suspeitas.

No dia do crime, outros cinco militares teriam ajudado Tandu diretamente. As investigações indicam que eles realizaram o corte intencional de energia do quartel, o que impediu as câmeras de segurança de registrarem a ação.

Além de pedir a prisão dos seis suspeitos, o Exército aplicou “punição disciplinar” a outros 17 militares por falha de conduta na fiscalização do armamento. A punição consiste em uma espécie de prisão administrativa no quartel, que pode durar de 1 a 20 dias.

Apesar das suspeitas, a Justiça Militar negou, na semana passada, os pedidos de prisão preventiva. Embora o Comando do Sudeste não comente o trâmite processual, que está em sigilo, a informação é que não foram encontrados elementos que justificassem as prisões.

Facções criminosas

De acordo com as investigações, as 21 armas foram levadas para fora do quartel a fim de que fossem negociadas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.

Até o momento, 19 metralhadoras foram recuperadas – dez no Rio (em ocorrências diferentes na comunidade da Gardênia Azul e na Praia da Reserva, ambas na zona oeste da cidade) e nove em São Roque, no interior paulista. As duas armas que ainda não encontradas são as de calibre .50.

No caso mais recente do encontro de armas, na Praia da Reserva, na quarta-feira (1º/11), o armamento foi localizado dentro de um carro na Avenida Lúcio Costa. O veículo seria de uso de um criminoso identificado como Jesser Marques Fidelix, o Capixaba. Ele é apontado como fornecedor de drogas e armas para o Comando Vermelho.

Em busca de pistas que levem às últimas armas, homens do Comando Militar do Sudeste já realizaram duas operações na comunidade de Vila Galvão, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Não houve presos, mas foram cumpridos mandados de busca e apreensão que, segundo o Exército, trouxeram informações importantes para a investigação.

Morte durante a caça a armas

Metrópoles apurou que, em meio à investigação sobre o caso, o Exército tomou conhecimento da possível morte de um homem ligado a Capixaba. Ele teria sido assassinato no Rio de Janeiro após o furto ser descoberto pelo Comando Militar.

Segundo a apuração do Metrópoles, a execução teria sido praticada por traficantes durante uma apuração clandestina para obter informações e descobrir o paradeiro das armas. O objetivo seria localizar os itens para devolver — ou “vomitar”, no linguajar do crime — as metralhadoras às autoridades, evitando, assim, uma eventual incursão das forças de segurança nas comunidades fluminenses.

O motivo da execução não está totalmente esclarecido, mas o que se sabe é que a vítima, homem de confiança de Capixaba, seria uma das poucas pessoas com informações sobre o paradeiro do armamento de guerra e teria mentido aos criminosos sobre a localização das metralhadoras furtados do Exército. Na ocasião, o armamento ainda estava rodando o Rio, sendo oferecidas a lideranças criminosas variadas.

Segundo apurou o Metrópoles, o corpo do homem morto teria sido desfeito, possivelmente queimado dentro de alguma comunidade.

As investigações apontam que Jesser e seu comparsa estiveram em várias comunidades do Rio tentando vender o armamento. Inicialmente, as informações apontavam que os itens não teriam sido adquirido por líderes criminosos por conta da falta de peças.

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