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Estudantes trans de medicina da USP acusam professor de transfobia

Alunas trans afirmam que foram ofendidas e ameaçadas após uma discussão sobre o uso dos banheiros; docente nega ter tido atitude transfóbica

atualizado

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Reprodução/EPTV
Imagem colorida mostra duas mulheres trans, uma delas com a pele branca, cabelo amarrado, usando óculos de grau e vestido rosa. A outra tem a pele parda, tem o cabelo escuro e solto, usando um vestido estampado em tons de cinza - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra duas mulheres trans, uma delas com a pele branca, cabelo amarrado, usando óculos de grau e vestido rosa. A outra tem a pele parda, tem o cabelo escuro e solto, usando um vestido estampado em tons de cinza - Metrópoles - Foto: Reprodução/EPTV

São Paulo – Duas mulheres trans estudantes de medicina na Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, acusam um professor da faculdade de transfobia. Elas afirmam que foram ofendidas e ameaçadas pelo docente após uma discussão sobre o uso dos banheiros de acordo com o gênero com o qual a pessoa se identifica.

Louíse Rodrigues e Silva e Stella Branco, que são as primeiras alunas transexuais do curso, registraram um boletim de ocorrência contra o professor Jyrson Guilherme Klamt.

As estudantes afirmam que foram abordadas pelo professor, que as questionou sobre o fato de a universidade placas transinclusivas nos banheiros. Segundo elas, o docente usou pronomes não adotados pelas alunas de forma proposital.

“Esse professor se aproximou já em tom de deboche e ironia. Ele perguntou pra mim qual banheiro eu iria usar a partir de agora. Nesse momento eu devolvi perguntando qual banheiro ele achava que eu deveria utilizar. Ele não respondeu e voltou a falar o quão absurdo ele achava pessoas trans usarem o banheiro de acordo com o gênero que se identificam e que a faculdade já não era mais a mesma”, disse Louíse.

Em entrevista à EPTV, Louíse diz que ela e o grupo ficaram sem reação com as palavras de Jyrson. Ela afirma que o professor voltou com mais ofensas e ameaças.

“Aí ele se manifesta dizendo que se a gente usasse o banheiro em que a filha dele estivesse presente, a gente sairia de lá morta. Sem contar que durante toda abordagem ele me tratou no masculino. Já era um professor que me conhecia, sabia meu nome, já tinha passado em uma aula com ele e ele já tinha passado por situações de desrespeito com meu pronome, mas nunca direcionado. Dessa vez ele veio diretamente a mim”.

Stella estava ao lado e confrontou o professor. Segundo ela, Klamt se dirigiu à Louise como um homem o tempo todo e em tom desrespeitoso e constrangedor.

“O que parece pra mim é que muitas vezes pelo fato de ser docente, a pessoa se sente muito blindada e protegida por esse cenário. Eu falei pra ele que essa sensação de impunidade que ele tem é falsa e daí ele disse que estava perdendo a paciência comigo e fez de levantar pra me agredir, confrontar. Ele foi barrado, seguraram ele pra que ele não fizesse isso”

Segundo o Diretório Central de Estudantes (DCE), o caso aconteceu na primeira semana de novembro durante o almoço, no refeitório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. O caso será investigado pela Faculdade de Medicina.

“É um absurdo que ainda haja na Universidade de São Paulo tamanha violência e que tais agressores saiam impunes, enquanto as vítimas dessa situação violenta sejam negligenciadas e mal recebem o apoio da faculdade”, diz o DCE, em nota.

O professor Jyrson Guilherme Klamt afirmou, à EPTV, por telefone, que não teve intenção de constranger as alunas e que nunca teve atitude transfóbica. Ele disse que apenas perguntou a uma das alunas como ela gostaria de ser tratada e que a reação foi violenta contra ele.

A diretoria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) informou, em nota que vai adotar os todos “os procedimentos apuratórios legais para as devidas providências e medidas cabíveis”. A instituição também reforçou “sua posição de respeito, pertencimento e inclusão”.

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