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De café a tripa de boi: onde o PCC oculta drogas que exporta via porto

Via marítima é o principal canal usado por traficantes internacionais; veja estratégias mais usadas pela facção para despachar cocaína

atualizado

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PF/Divulgação
PF realiza ação conjunta em combate ao tráfico internacional de drogas, no Porto de Santos
1 de 1 PF realiza ação conjunta em combate ao tráfico internacional de drogas, no Porto de Santos - Foto: PF/Divulgação

São Paulo – O volume de apreensões registrado pelas autoridades aduaneiras confirma que a via marítima é o principal canal usado por traficantes internacionais, no Brasil, para despachar toneladas de cocaína para o exterior.

Para viabilizar a remessa de uma quantidade gigantesca de drogas sem chamar a atenção, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina o tráfico de drogas operado a partir do Porto de Santos, o maior do país, recorre a diferentes expedientes.

As ações criminosas vão desde misturar a cocaína a diferentes tipos de carga até a escondê-la nos cascos de embarcações que estão atracadas no porto paulista. O esquema meticuloso, segundo o Ministério Público de São Paulo (MPSP), garante bilhões de reais à facção criminosa por meio da venda de drogas para grupos criminosos aliados do outro lado do Atlântico.

Dados da Receita Federal (RF), obtidos pelo Metrópoles, mostram que as remessas ilegais feitas pela maior organização criminosa do Brasil costumam ser escondidas no meio dos mais diferentes tipos de carga, que vão de tripas bovinas a bobinas de papel.

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Amendoim, tripa e carne de cavalo

Em 27 de fevereiro do ano passado, por exemplo, a Receita localizou 887 quilos de cocaína escondidos em uma carga de amendoins, que seriam destinados à Polônia. Três dias antes, foram localizados 68 quilos da droga em carne de frango congelada, que seria despachada para a África do Sul.

No ano anterior, em 14 de junho, a Receita apreendeu 518 quilos de cocaína escondidos em meio a uma carga de carne desossada de cavalo, que seria encaminhada para a Bélgica.

Os traficantes também ocultaram a droga em remessas de biscoito de polvilho, café, açúcar e óxido de alumínio. Até mesmo tripas de boi foram usadas para esconder 683 quilos da droga, com o intuito de enviá-la para a França.

Outra tática conhecida do PCC é contratar mergulhadores para que eles ocultem o entorpecente em compartimentos nos cascos dos navios, submersos no oceano, chamados de “sea chest”.

Cargueiros do Pó: a rota marítima do tráfico de cocaína do Brasil à Europa

No último dia 2, a Marinha e a Polícia Federal apreenderam, em uma ação conjunta (assista abaixo), 212 quilos de cocaína escondidos na caixa de mar de um navio, no Porto de Santos. O destino da embarcação era a Alemanha.

Como mostrado pelo Metrópoles, o aumento da fiscalização contra o tráfico internacional de drogas no porto paulista, nos últimos anos, levou o PCC a montar uma ampla rede criminosa para migrar parte do bilionário esquema de envio de cocaína à Europa, por via marítima, para o Porto do Rio de Janeiro, onde impera o Comando Vermelho (CV), rival da facção paulista.

Volume de apreensões

O Porto de Santos se destaca pelas grandes apreensões de cocaína, feitas pela Receita, ao menos desde 2013, quando 76,59% de toda a droga apreendida no país estava no litoral paulista.

No decorrer de uma década, as apreensões na região oscilaram, mas nunca ficaram abaixo de 41% do total nacional – também não superaram o percentual de 2013.

Dados da RF mostram, ainda, que entre 2019 e o ano passado, o órgão apreendeu 87,7 toneladas de cocaína no porto. A droga tinha como principais destinos países da Europa – como Itália, França, Bélgica e Suécia –, além de nações africanas, como Nigéria, Marrocos, África do Sul e até o Oriente Médio.

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