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Câmara de SP aprova CPI do assédio após manobra tirar controle do PSol

Câmara de SP já tinha acordo para instalar CPI do Assédio, mas base articulou novo requerimento para tirar PSol do comando da comissão

atualizado

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Richard Lourenço/Rede Câmara
Imagem colorida mostra Milton Leite, homem negro, grisalho, de terno preto, na mesa da presidência do plenário da Câmara Municipal, falando ao microfone com o dedo indicador em riste e olhando para sua direita - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida mostra Milton Leite, homem negro, grisalho, de terno preto, na mesa da presidência do plenário da Câmara Municipal, falando ao microfone com o dedo indicador em riste e olhando para sua direita - Metrópoles - Foto: Richard Lourenço/Rede Câmara

São Paulo — Os vereadores de São Paulo aprovaram, nesta terça-feira (12/9), a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar casos de assédio sexual e violência contra a mulher, em uma demonstração de poder do presidente da Câmara, Milton Leite (União).

A abertura da CPI foi aprovada por unanimidade, inclusive com votos da oposição, horas após Leite (foto em destaque) anunciar uma manobra para tirar o controle da comissão do PSol, partido que havia apresentado o requerimento de instalação da CPI.

O PSol, que é da oposição ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), vinha fazendo há meses uma campanha para a abertura da investigação, capitaneada pela vereadora Silvia Ferraro da Bancada Feminista.

Advogadas, ativistas e artistas como a atriz e modelo Luiza Brunet, que chegou a ir à Câmara para um ato contra assédio, assinaram a petição pela abertura da CPI.

Imagem colorida mostra mulheres em uma mesa de trabalho - Metrópoles
Luíza Brunet, ao centro, em audiência na Câmara, no dia 21 de agosto

Em agosto, durante uma reunião com os líderes das bancadas da Câmara, Milton Leite elogiou a articulação do grupo e disse que via “com simpatia” a CPI. Segundo aliados do vereador, ele avaliava que a CPI da oposição não traria riscos de arranhar a imagem do prefeito às vésperas de um ano eleitoral. Por isso, não havia motivo para barrá-la.

Porém, os vereadores da base não quiseram dar esse protagonismo à oposição — o PSol é o partido do deputado federal Guilherme Boulos, principal adversário de Nunes na eleição de 2024 — e pediram a ajuda de Leite para resolver o caso sem criar indisposição com as celebridades que se envolveram na causa.

A saída só foi anunciada horas antes da votação do requerimento. Uma outra CPI, criada para investigar o assédio sexual e a violência, foi apresentada ao plenário, sob presidência não de Silvia, mas da vereadora Sandra Tadeu (União), aliada de Leite.

Questionado pela bancada do PSol sobre a mudança, Leite foi transparente. “Eu tenho um problema chamado ‘base’, que prefere que a vereadora doutora Sandra Tadeu presida (a CPI)”, afirmou. “É uma dificuldade política, mas o grande objeto, que é a CPI, está superado”, afirmou.

O vereador Senival Moura (PT) requereu, então, que a oposição ficasse com a relatoria da nova CPI. O PT é uma das duas maiores bancadas da Câmara (tem oito vereadores) e teria direito ao pleito, segundo as regras de proporcionalidade da Câmara. Senival obteve a relatoria, porém a cedeu à vereadora Silvia Ferraro.

A articulação do petista, que deve estar coligado com o PSol nas eleições municipais, garantiu que os dois partidos também votassem pela instauração da CPI do Assédio repaginada, agora governista, o que garantiu a aprovação unânime.

A futura presidente da comissão, Sandra Tadeu, disse que a CPI será ampla. “Precisamos estar sempre rediscutindo. Temos novas leis contra o assédio mas a violência contra a mulher continua”, disse.

Já Silvia Ferraro disse que “a aprovação da CPI é uma vitória das organizações e personalidades que se mobilizaram junto com o nosso mandato para conquistá-la” e que seu objetivo “é propor políticas públicas em prol das mulheres paulistanas”.

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